Não sei se haverá muitos escritores no mundo que tenham a sorte de sentir a emoção de escrever o seu livro como se fosse um espetáculo, algo partilhado ao momento, algo com a emoção e participação imediata de alguém que dá o seu tempo para ler as nossas palavras... não sei.
Agradeço a todas as mulheres e a todos os homens que diáriamente expressam o seu ponto de vista, me apoiam, me criticam, me fazem ir mais longe. Neste espetáculo eu sou o previligiado, o sortudo, graças o todos nós. Bem hajam os visinhos, os amigos, os amigos dos amigos, os conhecidos, os anónimos, os de Portugal, os do estrangeiro...
Por certo este livro -PEDRADA NO ESPELHO- terá correções ortográficas, melhoramentos e esses erros são otimos porque tudo foi escrito a cru, de alma aberta, com frontalidade, tanto ás 10h da manhã, como ás 5h da madrugada. No final vai valer a pena. CORRIJO! Já valeu a pena. BEM HAJAM!
AFINAL JOSÉ NÃO MORRE. A vida parecia mudar de linha, e tudo se redescobria. A vida tinha sido sempre um palco cheio de representações onde a tragédia e a vitória se confundiam. "A morte do artista" era um desejo que morava no teto dos que o rodeavam. Um sinónimo de inveja, muitas vezes disfarçado por aproveitamentos de insucesso de um alvo determinado pela raiva. Mas José não morre nos momentos em que o mundo se escurece.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Paulo e Susana na CASA DOS SEGREDOS
É justo classificar o Reality show Casa dos Segredos um dos programas mais fúteis da televisão mas a verdade é que ele é o alimento mais procurado pelo público, uma espécie de “fast food” televisivo.
Mas a mim chama-me à atenção o fato de 2 dos concorrentes serem meus amigos e colegas. Não sei qual será o futuro deles após o programa porque não é fácil gerir uma fama tão imediata. Ambos já se movem no mundo do espetáculo mas na verdade ainda nenhum deles manifestou um talento extra para avançar num projeto.
O Paulo é um indivíduo muito amigo do amigo. A sua veia mulherenga é notável mas é sempre um cavalheiro, bem-falante e muito simpático. Muito sociável, sempre com um sorriso a despertar. Há muito que tem o desejo de entrar para o grupo dos Beatboys e há muito tempo que eu espero pelo momento certo para ele entrar. Ainda não pertence ao grupo porque, felizmente para ele, tem tido alguns projetos de animação em espaços noturnos que lhe ocupam muito tempo. No Salão Erótico do Algarve, em Portimão, ele elevou a sua performance como Stripper mas ainda pode melhorar bastante. A sua humildade é notável, de tal forma que não hesitou a pedir-me uma opinião. Foi agradável vê-lo dançar. Como pessoa, é sempre um homem prestável e simpático. A sua participação no programa está a ser como ele, simples, sem conflitos ou confrontos. Não é muito notado, mas também não cai na polémica. Mas não é fácil porque os princípios do programa é mesmo levar os concorrentes ao limite. Percebi que cá fora questiona-se a orientação sexual do Paulo. Eu, pessoalmente, acho-o um heterossexual mulherengo.
A Susana é um caso especial. Ela é toda especial. Lembro-me do sonho dela. Ela sonhava ser Stripper. Decidida, era tudo o que ela queria. Falámos muitas vezes, ou por telemóvel, ou pela net. Sempre que me pedia ajuda e conselhos, ela dizia que estava decidida, só estava á espera de colocar silicone nas mamas. Fazia desporto e mantinha o corpo bem tratado. Até que um dia ela me ligou e disse: - “Marko, já estou a dançar!”.
Dei-lhe os parabéns e mais uma vez a alertei sobre os perigos da noite e principalmente dos deslizes a que estamos sujeitos, como vício de droga, álcool, companhias criminosas, etc. Ela, sempre firme, logo respondeu que ela só fazia o que mais desejava e o seu desejo era simplesmente dançar. Nada era mais valioso que os princípios dela, mais que qualquer homem, ou qualquer vício. Assim foi, ela decidiu, está decidido.
Assim foi, ela decidiu, está decidido. Até hoje, a única preocupação dela é sentir-se bem, decidida em cuidar do corpo e nunca se mistura em esquemas menos honestos. Sempre que ia a Portimão, exigia que a visitasse e quando não o fazia ela ficava chateada. Orgulho-me dela como pessoa e profissional.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Book: BROKEN MIRROR In the beginning
Broken Mirror
In the beginning
At first, the start is always hard, but we'll get there on time...
I've grown up between two worlds, indigenous and everyday citizen/ city life.
Living not between but among both worlds allowed me to build a different personality, with a more sensitive vision, more accurate over the universe and becoming this lonely wolf witch I'm not proud of.
For me, God and Devil are written with capital letters. One is loved the other respected, one makes love, the other does sex, one reads poems, the other whispers in the ear, one is joy the other is madness.... Raised on a strict religious discipline, do not follow the path of God but also I'm not hung on the tail of the devil ... I went for mine.
I feel no need to hide that vanity has always walked with me without having taken control of my way of being. Among all the adventures of normal life, Love and unrequited loves, triumphs and defeats, a beautiful night ended up going to a bar drinking coffee at “Docas de Lisboa” the docks of Lisbon. I felt good, my ego was well fed, looked after my physical well-being that contributed less to pass unnoticed.
Unnoticed is one of the most described situations in this book.
Until the year 2000 came to be, at primary school, my "borrowed" grandparents asked to continue my education as they had a quietier life. I've traveled then to the village of Penamacor, Beira Baixa and there enjoyed an enviable childhood, pure and natural but in many solitary moments. My Christian religious education has not decided my belief. I am an atheist but I respect all religions, I understand the phenomenon of "Fatima" but I do not agree with the exaggerated sacrifices because I think this site should be a place of joy, not of profound sorrow. I have an interesting friend. It's Indian, Hindu, one of the cultures of India, a little different from the Muslim, both in language and customs and of course, religion. It is renowned photographer and uses the "artistic" name Veggie, a form of camouflage that his profession that has of course photographs of "naked" which he said could be misinterpreted by some family members or close friends more conservative. We regularly have dinner when we met at events.
-----------------------------------pag 1
My friend rejects any kind of meat or fish. Not pure vegetarian in a global sense because they drink cow's milk, a sacred animal in their culture. In fact, for him all animals deserve respect (I agree). About Alcohol he is not so strict but also is a cultural exclusion in the diet. These facts have never stopped him from having dinner together and never in any restaurant was difficult to serve a complete meal to his liking.
The family level is more complex and realized why the Hindu men can have more than one wife. The family ends when there are no male children to continue. Since the wife is unable to give a male child, this may look for another partner to give him the male offspring.
There will always be a reason for some to justify what cannot be justified for others or what is accepted by some and not by others.
After primary school came the period in which utmost marks us for the future ... the adventures of youth ...
Delighted with my country life, envied by belonging to another world, I would still remember my childhood delights. Swam in a river that ran next to my bedroom window. Fell asleep with the melody of the water flow witch would vary depending on the season. In fact my house and my grandfathers, was a water mill that made wall to the river.
The door would open up every morning to a form of a balcony overlooking nature.
Green invaded my eyes and the soundtrack was composed by birds delirious from waking to another day. It was a small balcony and to the right would of lost the water of the river between the trees and bushes well fed, strong and fiery.
And I spent some of my moments admiring my world every day and recorded the maid and changes from mother nature.
-----------------------------------pag 2
Many summer afternoons, swam in those waters alone, alone but not lonely. Each piece of this nature belonged to me but most of all is that I belonged to it, my soul lived there.
My grandmother threatened me that one day I would be called the father of the cats, because they did not live without me and they were family to me. Never slept alone. One of the cats slept all night hugging my neck, the other nestled in my lap. In a sleep-walking choreography, changed sleeping position on a triple act. I and my two friends turned us gently and everything fit again for the continuity of the resting.
So, in those shallow waters, swam like my habitat. I then decided to close friendship with a frog, she watched me swimming all day. Every time she consented to swim closer to her until I decided, relaxed, to get her. She accepted even though briefly. Never fled far away at a time until she finally relented and ... I took her upon my chest for a short walk in those waters. And for a while, every afternoon there I was and she always waited for me in her rock waiting for our small tour next to my body.
But my grandmother's concerns grew up, as she feared the worst because I could not swim.
One day, in one of those sadistic acts but rooted in society, my grandfather decided to put the baby kittens in a bag and throw them to the riverside. My grandmother warns me and we both went to spy on where the old man would have released them. Predictable, of course. The act was so despicable as was the location chosen. While peering over a stone wall with weather-resistant marks of ancient artists I saw in the water a baby kitten swimming trying to survive and perhaps counting the time to be saved by his mother. I did not hesitate. I jumped while my grandmother shouted in panic by madness but quickly calmed down a bit when she realizes this ultimately courage and that I kept the secret that I knew and could swim. At that moment I felt extremely happy, I saved my friend and I filled my "grandmother" of pride for the courage but mostly that I could swim and this would be a part of my survival.
-----------------------------------pag 3
Hence, I'll always be part Indian, part city person.
Later on, my youth adventures were spent in this world of mine and there I've met Pura.
Pura was a beautiful girl, morning sky colored eyes, light hair, princess skin with tender manners and delicate. Very intelligent and shared with me all the charms and love for nature, links to my world, shared with me the nights lying on a giant rock that was part of my mill.
Yes, because my mill was builded upon a rock that was also part of the side wall opposite to the riverside. Still remains part of that wall that served as a backrest, as if it were a stone sofa/ couch/divan. In fact it allowed us to travel through the stars every night, sharing fantasies, dreams, experienced/ life stories and much more .The sun was it's charge and recharge witch at night became a source of builded up heat . It was this heat and the stars that made up for the lackof comfort.
It was in one of those dives that Pura came out of the water as a mermaid and before she opened her water disturbed eyes and flow through that delicious body that I gave her first kiss with no chance of denial, such denial was not there no more after that moment ...
After many sharing, fantasies, touches and promises, the most explosive day arrived.
It was a beautiful night in the mill, one of those summer nights. The house of the mill was not the typical rounded architecture. It was a spacious house with two floors. The ceiling was designed by their own tiles, handled by small granite rocks that kept their positions unchanged. It was long; there was a solid wood door with a key like in hose King Castles. At the bottom of the door had an opening designed for cats to pass. At the entrance we’re able to envision at to the bottom, right side, a mini meeting room and kitchen. It was all the same because it was the ceiling less fireplace where was hung the old iron pot with legs, supported by an iron chain attached to the roof beams.
The smoke was circulated and exteriorized through the tiles arrows blackened by time and by the combustion of wood. On the far wall a little-used window, attached by a bolt of wood, carved into the huge stone pillar, sculptured to receive this fitting. On the left side hid my grandparents' room, with an iron railing bed and mattress of straw.
-----------------------------------pag 4
At entering the wooden floor creaked with every step like if that next step it would collapse all but human wisdom allowed him to survive firmly over the years. In the background, at the left was a room divided in two. The first bed was mine. Low, wooded, gave me the luxury of having two spaces torn in the stone. The bellow space was my bedside table; the upper space was the better for other things in my imagination.
But this night was beautiful and the whole family was in their time on vacation. I, Pura and her cousin Paula slept in the living room in a longitudinal disposition of the mattresses. Paula was on the left, Pura in the middle and sloping down slightly to my side, at their right. My mattress was slightly lower, helping Pura’s fall to my hand after realizing that all were already asleep. After all this, several minutes of intimate touches beneath the sheets, holding our gasping breath that both tried to disguise.
After falling for my mattress, our mouths did not split anymore, involved in tongs scams where our saliva did not run out. Surrounded by the image of that provocative and light nightgown my hands had already decorated all the way even with eyes closed. My excitement has lasted for well over an hour and the heart had already done an effort hard enough to go through an entire marathon. With slow movements, felines and silent, I was able to reach a position of power without anyone realizing it. I was finally on top of the most beautiful woman in the universe...
-----------------------------------pag 5
My hands have roamed the whole body as if it were a vicious circuit. I had the world at my feet and her body in my hands. Pura’s legs opened, where I fit a bit more, felt the warmth of the inside of those parts, with velvet skin. Finally I felt it with my finger. Through the panties, my hands had nothing else to report to. But there was still missing the final strike.
I knew I had to take her panties and that I had to deploy all of those positions without waking the neighbors. I also knew that after this action, if she consented, all the rest would happen. The desire mingled with anxiety and panic, the panic if she’d say No or if someone would wake up. My passion sighed softly in my ear and I just thought and imagine of her saying ... "Do not stop, please!" And my imagination delighted me.
Then I slid my hand from her neck, through her tense breasts, smelling, I went down around her waist, hook-shaped and as if by mistake, hooked my fingers on the side of the elastic of the her underwear. Pura tucked into a delicious surrender and at that moment my world spun at breakneck speed, my heart seemed to leap out of my chest, my tense body seemed to be fighting any sort of magnetism. The legs of my voluptuous mermaid began to close to allow the sliding of the clothes.
Now I had to start from scratch from beginning but this time a delicious beginning, certain of the pleasure, sweetened by a momentary passion unmatchable. I returned to the starting position, next to her delight at the touch of her skin. Those feminine hands, white, with marked veins by their poor circulation, were so gentle and slow that seemed intoxicated by the scent of bodies.
[...] 6-8 gap of translation...to continue.
Your hands I kiss
I had shared your house and sill today my tears drop. Yes, those tears that give pleasure to feel on the skin, warming a kept secret. There’s a memory photo that I will never forget. But before that I’m going to recall who you really were and how I found out I loved you.
You were a bored, mean, tough, intelligent old man but even so respected because you could write your name. I still remember, and that memory makes my tears drop and stops my writing ... I remember our funniest moment and how i made you writing what you were talking, gave you a timeless newspaper, made you read a whole page and saw you smiling as you were younger than myself. Caught by grandma in our happiness leaning over that old table, nailed to last until the end of time.
After this lap in time and recalling who you were, my grumpy old man, going to tell you the moment I discovered how I did loved you more than I ever wanted to admit:
- After changing my life I came back for a visit. Climbed the stairs and as walking into the room saw you sat on your allied chair in front of your old and timeless TV set. That item we use to disguised the loneliness WE offer you.
You smiled at me and your eyes allowed the last strength to be released, life you didn’t have any longer and in that second you have assumed the unavoidable defeat and I was there to witness.
I kneeled, gave you my hands and kissed you, felt the pain knowing I was so close to loose you, something I always tried to avoid feeling. It was even harder because you were lucid enough to tell me that with all your energy as it was your last resource, I had the most painful smile never assumed in words. Shame on time that doesn’t turn back so I could knee again and tell you what I’d been hidden. If you could listen to me now, tears make my writing take longer … recall your smile, your wrinkled hands holding mine with such strength that even that paralyzed sick hand won extra life. For the 1st time heard you talking with no words, you always had hidden your emotions but in that precious moment you grinned, cried, babbled and your blue eyes were as big as the world. You were alone every day lonely nearer to destiny and I did nothing, could do nothing… but I should had told you I loved you above all gods but didn’t say it.
Yes old man, this time I wouldn’t waste my change on a stage.
- We set way to the surroundings of Leiria where the show was going to be. Traveling with those guys made an easier way to spend time. We were all in a good mood even with Pereira’s sarcasm about Christmas in his Dracula’s show. “Nadal you won’t even need to buy Dracula’s teeth, you already have them and you can save the money”. Nadal was a stressed nervous guy handling the pressure with some grins and short answers even if they weren’t talking about next show. Still many kms to be done and he was taking notes about performers and their places, ignored by the other’s laughter.
Arrived at a huge disco, middle of nowhere with nobody. I was trying to disguise my unnerved pretending feeling great. Backstage details were discussed and I felt like an spectator assisting a table tennis match.
JP seemed decided to give me the “The Crow” role, a legendary thriller movie. I knew I wasn’t ready and asked Nadal for help, at the same time realized that was entering a black and white world. First envy sensation over me. Nadal just answered twice, the 3rd question showed I was just another one and it should be answered by fate. Realized friendship had a different meaning in some situations. Started over again JP and I.
While the others undressed I took my doubts but felt uncomfortable. I really had to look at them, at their asses, had no choice. I stared at them and got to a disturbing conclusion: they looked silly with no hair in their gluteal region, but the roles changed when they looked at me. I had more hairs in my butt than them in all their body. Thinking had to do the same made me feel disappointed.
But next step was even worse: was summertime, summer 2000, taking off my trousers and boxers still looked as having a towel around my waist. But it was only the white of my skin drawn in my suntanned body. Was told NOT to take off my boxers on stage, could pretend doing it but would never do it!
My first striptease show!
Waiting on the lobby for the sign that would made me go there, the stage, just a dancing floor. Strange feelings. Insecurity. My head was tilted to the floor and the stage seemed like a gladiator’s ring surrounded by lions.
Tried to control the body but the legs refused to obey, think that not even the darkness of the space helped to cover the situation. Not sure about what to do next, time seemed endless and tried to spend it by approaching a lady. Made a kind gesture but as she planned to come closer… run away afraid of being to audacious.
Everything was new, every second an unexpected discovery, myself that had never seen a male striptease show was doing it, dancing on the flow of my imagination.
And like that I got my 1st payment as stripper.
A stripper is a professional erotic dancer who performs a contemporary form of striptease at strip club establishments, public exhibitions, and private engagements. Unlike in burlesque, the performer in the modern Americanized form of stripping minimizes the interaction of customer and dancer, reducing the importance of tease in the performance in favor of speed to undress.
In http://en.wikipedia.org/wiki/Stripper
From that moment on I won a new ally, Nito. He became the transportation in my dreams as well as PJ, whom I owned everything. Dreams always made part of my life I’m a instinctive dreamer. In a moment I’m on the clouds, next step it’s raining clouds melt and I’m on the floor. But I know sun will shine and I stand up for another earth walking, easily mixing dream and reality.
- One of my biggest mistakes when a child made me a wiser man.
domingo, 9 de outubro de 2011
O livro: PEDRADA NO ESPELHO pagina 66 a 68
Renascer, Reconstruir e reconquistar
Volto a ser pai. É um 2003 emocionante. Admiro o pai que entra na maternidade e dá a mão na hora de parir. Eu não. O momento é tão feminino que não tenho a força nem a coragem necessárias para o acompanhar. Se sentisse ou soubesse que haveria algum risco detetado, aí não hesitaria nem um segundo em estar bem junto á progenitora. Caso contrário, fico inativo. Para mim, todos os recém-nascidos são feios mas belos pelo que representam. Agora as coisas complicavam-se para mim. Sentia a angústia de ser um pai presente com a Ariana e não o ter sido com a Luana, a minha filha mais velha.
A historia dum pai que tinha duas filhas, dois amores mas com tratamentos desequilibrados. Não sentia que tivesse sido um pai com motivos de orgulho. Temia que o afastamento da Luana e da mãe fosse maior e com revolta, porque até á data, tinha sido um pai ausente, polémico e agora tinha mais um motivo para piorar o meu comportamento. Com tanto receio, ainda me afastei mais. Sonhava todos os dias ver as minhas filhas juntas, felizes, mesmo que elas não me prestassem atenção. Queria que dessem muito mais amor uma á outra do que eu daria às duas. Embora não haja cálculo para o amor, na minha imaginação, queria ter uma fórmula matemática para tal.
Entrei num caminho sem saída. Passei a viver entre o carinho de duas filhas e a angústia de não conseguir ser justo.
Sabia o quão é importante ter um pai, principalmente porque não o tive. Eu tive a força necessária para viver sem ele. Preenchi sempre esse vácuo com imaginação. Se não o tinha, procurava compreender nos homens adultos como ser e como me comportar para poder sobreviver sem pai. Nunca disse que o meu pai era melhor que o teu porque não tinha pai para competir. Então competia comigo mesmo e decidi ser homem muito cedo. Procurei saber o que era ser um homem de verdade. Talvez por esse fato, tive que compreender cedo o mundo que me rodeava e levantei-me por mim, lutei por mim, sonhei com as minhas conquistas e ganhei o respeito dos outros. Nem sempre consegui vencer esse fantasma. Lá no moinho, tinha a minha avó, o meu pilar. Mas ela acusava o meu avô de, quando eu era muito pequeno, lhe dizer: - “Põe esse miúdo fora de casa! Manda-o para a mãe!”. Voltava a acusá-lo de ser mau, de não ter coração e por ter dito aquilo só porque eu estava doente e não o deixava dormir. Efetivamente, ele tinha um mau génio, conseguia ser mau e frio quando queria. Era radicalmente insensível. A “vózinha” nem percebia o quanto me magoava só para me defender. Ela não percebia que eu queria sentir-me acarinhado e amado pelo meu avô. Ele era mau mas eu até sentia orgulho nisso, amava-o incondicionalmente.
Fiquei extremamente satisfeito quando ela contou que, uma noite, quando uma das filhas chorava de dores, ele gritou e ameaçou que lhe batia, e ela, numa estranha compreensão de bebé de 2 anos, se calou e sofreu em silêncio. Esta história consolou-me porque justificava que ele gostava e tratava-me como um filho.
Um dia, num fim de tarde de verão, estava a brincar e encontrei uns jornais. Os jornais serviam para o meu avô se limpar quando fazia as suas necessidades fisiológicas.
Marko: - “Avô, olhe aqui tantos jornais. Porque não os lê?”
O velhote sorriu e respondeu:
Avô: - “Antigamente lia, lá em Queluz mas agora já mal consigo ver.”
Achei a desculpa despropositada porque o sorriso matreiro indicava que talvez não tivesse ninguém com quem partilhar essa leitura. Ele continuava sentado, num banco de cortiça, debruçado sobre a velha mesa de madeira. A mesa estava coberta com uma toalha de plástico florido e golpeada pelas facadas ao cortar o pão. Na frente tinha um meio copo de vinho tinto vindo do garrafão que estava sempre no chão, ao seu lado direito e sempre pronto a pegar.
Dirigi-me para perto dele, estendi o jornal e obriguei-o a ler. Ensinei-lhe sílaba a sílaba e recordei-o das lições da primeira classe. Ele era considerado como um homem instruído. Para além de saber assinar, sabia ler e tinha a quarta classe, o que era raro no meio rural. Esse era um dos fatores pelo qual ele tinha sido tão pretendido na juventude, orgulhava-se a minha avò.
Lemos e rimo-nos toda a tarde. Eu obrigava-o a ler e compreender todo o texto e ele retribuía com dedicação e risos. Lemos o jornal inteiro.
Ao fim da tarde, já o sol se ia despedindo, regressou a minha avó Maria José. Lá vinha ela sempre a lamentar-se do cansaço e da velhice. Vinha sempre para junto de mim, como se regressasse para me proteger.
Avò: - “Então, o que é que andaram para aí a fazer?”
Marko: - “Nós estivemos a ler o jornal.”
A minha avó soltou uma gargalhada e com algum desprezo respondeu:
Avò: - “O teu avô?! A ler?! Bem devia porque ele fez a quarta classe mas agora virou burro e já não sabe ler nada.”
Enchi-me de orgulho, fui buscar o jornal e voltei a colocá-lo no mesmo lugar. Pois, porque aquele lugar era sagrado para o meu velhote, assim como a posição do garrafão do vinho. Ele riu-se e respondeu com o típico tom resmungão:
Avô: - “Não ligues. Ela é que pensa que eu não sei ler.”
Mesmo resmungando, ela orgulhava-se de ele ter a quarta classe e ele nunca a acusou de ser analfabeta nem se aproveitou de tal situação para a atacar. Viviam bem orgulhosos um do outro.
Foi então que lhe lemos parte do jornal, com alguma dificuldade devido aos candeeiros a petróleo. Ela ficou atenta, a sorrir e a ver o seu velho parceiro a ler qualquer coisa. Senti o orgulho nos olhos da Maria José. As rugas do campo vincavam a expressão do olhar brilhante carregado de felicidade.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
O livro: PEDRADA NO ESPELHO confesso
Confesso
Sabes que eu sou assim. Um dia vou magoar-te tanto como te amo. Não tenho emenda. Choro sempre nos meus erros mas erro sempre. Quanto mais amo mais erro. Não sei viver sem amar na corda bamba. Tenho um gosto privilegiado pelo pecado, pelo pecado carnal, tento sempre descobrir o impossível, Obrigo-te a amar, exijo ser amado até ao limite e depois… Depois perco-me por ser viciado em tanto amor. Sou o teu melhor sonho, levo-te ao extremo e depois sou uma merda.
Porquê?! Porque tu me amas, porque consegui levar-te ao extremo, porque depois já não sei o que te exigir… Isso mesmo, o problema, provavelmente, estará no depois, depois e depois. Porque sou um homem de sorte, vou ser uma ferida em ti que nunca vai cicatrizar, porque é assim a minha maneira estúpida de construir o amor. É como um Lego, perfeito, lindo, para depois destruir tudo, misturar as peças de tal forma que nunca mais consigo construir o mesmo castelo.
Diz-me!!! Porquê?! Sim, sou uma besta desajeitada e nunca vais ter força necessária para me odiares. Odeias-me para me voltares a amar para sempre. Nunca tenho a coragem de contar quantas lágrimas verteste por me quereres, quantas vezes me quiseste compreender e não conseguiste. Nunca deveria ter coragem de olhar para ti mas tu dás a volta ao mundo, tocas-me no ombro e dizes: - “Estou aqui.”. Não fiques comigo mas fica perto e mim. Perto, à distância de um estender de mão. Não caminhes ao meu lado mas caminha atrás de mim, pois quando cair, lá estarás tu para me amparar. Mania a minha de caminhar sozinho mas sempre desajeitado. Destino: Sozinho. Eu sei que não acreditas na minha teimosia e hei-de ser sempre aquele miúdo que tem a mania que aprendeu a andar e de repente olha para todo o lado e percebe que não sabe viver sozinho no mundo. Por favor, deixa-me ir mas não me abandones.
sábado, 1 de outubro de 2011
O livro: PEDRADA NO ESPELHO pagina 51, 52, 53
Ainda se lembram quando corriam para casa direitinhos ao quarto e abriam a revistinha na página que tinham terminado na última vez?! Das vezes que iniciavam uma bela masturbação e eram interrompidos pela mãe ou pai que se lembravam de vos mandar para a mesa ou perguntavam: - " O que fazes tu sempre fechado no quarto??!!!". Das vezes que se vinham, lá sujavam a revista como se, em vez de papel, ali estivesse uma linda e porca gaja toda aberta para nós, prontinha para ser comida. Pior era que, depois de se virem vinha a agonia da verdade, que tudo não passava de uma pura imaginação, que afinal já não podíamos mostrar a revista ao amigo porque já estava suja!!! Ou então, até nos emprestaram a “Gina” e na parte onde está a gaja toda nua, a provocar-nos, a dizer "vem grandão, estou á tua espera...", estava com as páginas coladas... Que nojo!!! Mas a vontade era tanta que, com algum esforço, conseguimos abrir a página cuidadosamente sem rasgar... E lá vai mais uma!
O ridículo era que, entre nós, homens, aceitávamos e até partilhávamos a experiência da masturbação, até competíamos em grupo para ver quem é que ejaculava primeiro. Era como se partilhássemos o síndrome da testosterona. Por outro lado, as irmãs ou as amigas tentavam sempre roubar as revistinhas e em vez de se excitarem com as imagens comparavam-se às modelos porno. Desejavam um dia ser como elas, ter grandes mamas e pêlos púbicos enquanto criticavam as atitudes nojentas dos rapazes. Talvez os nossos pais aceitassem, através do fingimento, que recorrêssemos a estes conteúdos inspiradores. Era bem melhor isto que ter um filho gay. E quantos não acordaram de manhã, atrapalhados para limpar os lençóis porque os sonhos tinham sido tão picantes…
Em todas as entrevistas que dei, há sempre uma pergunta que está na lista: - “A sua família, como reagiu?”.
Bem, a minha família orgulha-se, os meus amigos orgulham-se os meus vizinhos respeitam-me a minha mãe é a primeira a informar as suas colegas do hospital, do que faço e onde atuo. Mesmo que ela não contasse, as colegas lá lhe iam dizendo: “Olhe, vi o seu filho a fazer um show de Strip. Tem cá um filho… Vai lá vai…”, “Com um corpo daqueles não saía de casa durante uma semana. Um homem assim deve fazer uma mulher sentir-se “preenchida”…”. O que vale é que a minha mãe não esconde segredos e lá me conta as confidências das amigas.
O orgulho de quem gostamos deve estar sempre presente. Quando me fazem a pergunta citada, penso: - “Será que o que eu faço é um crime que envergonha a família e os amigos?!”. Por certo não.
Meu professor de Português era um padre, o padre Manel. Duro, disciplinador, as vezes até parecia mau. Na minha aparição na TV, foi ele que informou a senhora Maria de Lurdes, orgulhosamente, lá do Instituto Pina Ferraz em Penamacor. E eu fiquei muito feliz por isso. Não me lembro de ninguém que não me tivesse apoiado, pelo contrário, toda a minha família fez questão de ver os meus espetáculos. Até as minhas sobrinhas, Ana e Raquel, com idades a rondar os 10 anos se divertiram com a minha profissão.
A minha primeira preocupação é divertir-me com o que faço, porque gosto do que faço e porque o faço bem. Cada sorriso que vejo de uma pessoa que assiste ao meu show é um motivo de alegria para mim. Para além deste divertimento profissional, há um trabalho por trás. O Beatboys é um grupo de homens. Homens grandes, carregados de testosterona, vaidosos e que por vezes não são fáceis de gerir. Admito que também não tenho o melhor feitio. Porque sou exigente, porque gosto de me rodear pelos melhores, porque não quero que um Beatboy desvalorize o que faz, porque exijo que, quem trabalha comigo seja um Senhor.
Conheci o Marcelo. Um brasileiro que não conseguia ser amigo da dança mas tinha uma imagem muito forte. Era um rapaz bonito, vistoso, alto e parecido com um ator de uma novela brasileira da altura. Estávamos em 2003.
Cada vez que o Marcelo entrava em palco, como sua pose calma, as mulheres suspiravam. Nem estavam preocupadas com as suas qualidades como bailarino. No P2 ele brilhava e encantava com a simpatia.
Uma noite, Marisa decidira ir festejar os seus 21 anos ao clube das mulheres. Era por certo aquele clube jardim Constantino em Lisboa.
Acompanhada de duas amigas, lá foi, pronta para uma noite louca. Levava consigo um bolo de aniversário na esperança de poderem partilhá-lo com muito mais pessoas, principalmente com os gajos bons que lá dançavam. Ela, a Ana e a Sofia depressa se ambientaram, conquistaram a atenção, até porque Deus não se tinha esquecido da sua beleza e o Demónio fazia questão em acompanhá-las. Como sempre, o Tony fez a abordagem á Mr. Casanova:
Tony: - “Não sei como os teus pés aguentam o peso de tanta beleza...”.
Marisa corou mas percebeu a vulgaridade daquela entrada. Era um “coro bem batido” mas previsível. Tudo era mágico para as três gatas… Homens lindos, todos reunidos num só lugar. De repente, o Marcelo desce as escadas e o coração da Marisa acelerou injustificadamente. Foi uma paixão ao primeiro olhar, ela passou a ignorar tudo o resto, e os seus preciosos minutos passaram a ser dedicados a contemplação do bailarino. Marcelo mantinha a posição de um profissional atencioso e simpático. Para ela, ele jamais lhe iria dar atenção no meio de tantas mulheres bonitas. Aquela paixão prendia Marisa que passou a frequentar o clube todas as quartas, sextas e sábados.
As três alimentavam as suas fantasias mas só uma é que se focava num homem só. Até que um dia, Marisa encheu o peito e foi até ao camarim. Com algum atrevimento, mete conversa connosco mas rapidamente isola o Marcelo. Sem muita conversa, beijam-se como se o mundo fosse acabar. Este foi um dos momentos mágicos e de paixão, o outro foi dois pisos abaixo quando todos lhe cantavam os parabéns e a Marisa foi brindada com um Strip em conjunto de todos os bailarinos. As três gatas acabaram por se afastar do Passerelle 2.
Marisa volta a encontrar Marcelo no Cacém, algum tempo mais tarde e o coração voltou a bater. Era um amor platónico, escondido num beijo intenso. Nunca passou desse simples gesto mas a paixão ficou para sempre.
Acabou por descobrir que as amigas com quem partilhava as suas loucuras, eram um casal de lésbicas e que até já viviam juntas.
Muitas vezes me apercebi que no meio daquele público podia encontrar muitas lésbicas. Para elas era um mundo perfeito, cheio de mulheres de todo tipo, até aquelas que, fartas e frustradas das más relações com o machos, viravam a aventura e encontravam noutras mulheres o que certos homens nunca lhes conseguiram dar. Por outro lado, elas, as lésbicas, eram as primeiras a manifestar todo o apoio aos bailarinos, sempre divertidas e sem pudores.
O ridículo era que, entre nós, homens, aceitávamos e até partilhávamos a experiência da masturbação, até competíamos em grupo para ver quem é que ejaculava primeiro. Era como se partilhássemos o síndrome da testosterona. Por outro lado, as irmãs ou as amigas tentavam sempre roubar as revistinhas e em vez de se excitarem com as imagens comparavam-se às modelos porno. Desejavam um dia ser como elas, ter grandes mamas e pêlos púbicos enquanto criticavam as atitudes nojentas dos rapazes. Talvez os nossos pais aceitassem, através do fingimento, que recorrêssemos a estes conteúdos inspiradores. Era bem melhor isto que ter um filho gay. E quantos não acordaram de manhã, atrapalhados para limpar os lençóis porque os sonhos tinham sido tão picantes…
Em todas as entrevistas que dei, há sempre uma pergunta que está na lista: - “A sua família, como reagiu?”.
Bem, a minha família orgulha-se, os meus amigos orgulham-se os meus vizinhos respeitam-me a minha mãe é a primeira a informar as suas colegas do hospital, do que faço e onde atuo. Mesmo que ela não contasse, as colegas lá lhe iam dizendo: “Olhe, vi o seu filho a fazer um show de Strip. Tem cá um filho… Vai lá vai…”, “Com um corpo daqueles não saía de casa durante uma semana. Um homem assim deve fazer uma mulher sentir-se “preenchida”…”. O que vale é que a minha mãe não esconde segredos e lá me conta as confidências das amigas.
O orgulho de quem gostamos deve estar sempre presente. Quando me fazem a pergunta citada, penso: - “Será que o que eu faço é um crime que envergonha a família e os amigos?!”. Por certo não.
Meu professor de Português era um padre, o padre Manel. Duro, disciplinador, as vezes até parecia mau. Na minha aparição na TV, foi ele que informou a senhora Maria de Lurdes, orgulhosamente, lá do Instituto Pina Ferraz em Penamacor. E eu fiquei muito feliz por isso. Não me lembro de ninguém que não me tivesse apoiado, pelo contrário, toda a minha família fez questão de ver os meus espetáculos. Até as minhas sobrinhas, Ana e Raquel, com idades a rondar os 10 anos se divertiram com a minha profissão.
A minha primeira preocupação é divertir-me com o que faço, porque gosto do que faço e porque o faço bem. Cada sorriso que vejo de uma pessoa que assiste ao meu show é um motivo de alegria para mim. Para além deste divertimento profissional, há um trabalho por trás. O Beatboys é um grupo de homens. Homens grandes, carregados de testosterona, vaidosos e que por vezes não são fáceis de gerir. Admito que também não tenho o melhor feitio. Porque sou exigente, porque gosto de me rodear pelos melhores, porque não quero que um Beatboy desvalorize o que faz, porque exijo que, quem trabalha comigo seja um Senhor.
Conheci o Marcelo. Um brasileiro que não conseguia ser amigo da dança mas tinha uma imagem muito forte. Era um rapaz bonito, vistoso, alto e parecido com um ator de uma novela brasileira da altura. Estávamos em 2003.
Cada vez que o Marcelo entrava em palco, como sua pose calma, as mulheres suspiravam. Nem estavam preocupadas com as suas qualidades como bailarino. No P2 ele brilhava e encantava com a simpatia.
Uma noite, Marisa decidira ir festejar os seus 21 anos ao clube das mulheres. Era por certo aquele clube jardim Constantino em Lisboa.
Acompanhada de duas amigas, lá foi, pronta para uma noite louca. Levava consigo um bolo de aniversário na esperança de poderem partilhá-lo com muito mais pessoas, principalmente com os gajos bons que lá dançavam. Ela, a Ana e a Sofia depressa se ambientaram, conquistaram a atenção, até porque Deus não se tinha esquecido da sua beleza e o Demónio fazia questão em acompanhá-las. Como sempre, o Tony fez a abordagem á Mr. Casanova:
Tony: - “Não sei como os teus pés aguentam o peso de tanta beleza...”.
Marisa corou mas percebeu a vulgaridade daquela entrada. Era um “coro bem batido” mas previsível. Tudo era mágico para as três gatas… Homens lindos, todos reunidos num só lugar. De repente, o Marcelo desce as escadas e o coração da Marisa acelerou injustificadamente. Foi uma paixão ao primeiro olhar, ela passou a ignorar tudo o resto, e os seus preciosos minutos passaram a ser dedicados a contemplação do bailarino. Marcelo mantinha a posição de um profissional atencioso e simpático. Para ela, ele jamais lhe iria dar atenção no meio de tantas mulheres bonitas. Aquela paixão prendia Marisa que passou a frequentar o clube todas as quartas, sextas e sábados.
As três alimentavam as suas fantasias mas só uma é que se focava num homem só. Até que um dia, Marisa encheu o peito e foi até ao camarim. Com algum atrevimento, mete conversa connosco mas rapidamente isola o Marcelo. Sem muita conversa, beijam-se como se o mundo fosse acabar. Este foi um dos momentos mágicos e de paixão, o outro foi dois pisos abaixo quando todos lhe cantavam os parabéns e a Marisa foi brindada com um Strip em conjunto de todos os bailarinos. As três gatas acabaram por se afastar do Passerelle 2.
Marisa volta a encontrar Marcelo no Cacém, algum tempo mais tarde e o coração voltou a bater. Era um amor platónico, escondido num beijo intenso. Nunca passou desse simples gesto mas a paixão ficou para sempre.
Acabou por descobrir que as amigas com quem partilhava as suas loucuras, eram um casal de lésbicas e que até já viviam juntas.
Muitas vezes me apercebi que no meio daquele público podia encontrar muitas lésbicas. Para elas era um mundo perfeito, cheio de mulheres de todo tipo, até aquelas que, fartas e frustradas das más relações com o machos, viravam a aventura e encontravam noutras mulheres o que certos homens nunca lhes conseguiram dar. Por outro lado, elas, as lésbicas, eram as primeiras a manifestar todo o apoio aos bailarinos, sempre divertidas e sem pudores.
Subscrever:
Mensagens (Atom)