Não era fácil constituir um grupo. Não havia novos bailarinos e os que havia estavam carregados de “vícios”. Entenda-se por “vícios”, todas as manhas e truques aprendidos na profissão. Tínhamos ultrapassado o ano 2000 e neste ano seguinte, depois de ter sofrido tantos ataques, invejas, tentativas de derrube, estranhamente tudo isto me tinha tornado mais forte e com mais calos.
Escolhi a equipa:
- Marko, Nadal, Zeca e mais tarde o Santos.
Aproveitei os meus conhecimentos como fotógrafo e comecei por tratar de apresentar o grupo com uma imagem profissional, algo que até então não existia. A fotografia é uma paixão que nunca morre, é um poema escrito com o olhar, é a expressão mais profunda da alma.
Guardava muitas recordações em fotos especiais, em momentos únicos congelados. Em 98 regressei a Penamacor e, como sempre regressei ao moinho para ver como andavam os meus amigos pássaros, rãs, cágados, peixes, árvores e outros… O tempo ia destruindo a imagem de uma quinta viva, cuidada, habitada. A melancolia entrava no sangue como um veneno rápido e fatal. Os caminhos, outrora marcados pelos rodados dos tratores, estavam alcatifados de ervas secas, misturadas por pequenos apontamentos verdes. Apenas se mantinha o cinza e castanho das pedras imóveis. O musgo apoderara-se dos topos das rochas.
A rocha gigante que se sentava mesmo em frente ao moinho, servia de parede lateral esquerda do caminho que descia declinado para a “loja” dos animais. Ela estava gigante como sempre mas mais vestida pelo musgo que a escurecera. Faltava a limpeza das minhas botas, quando na minha infância a trepava, e raspando-a, tornava-la mais coalescente e segura para as minhas escaladas.
A porta de entrada do moinho já mal fechava, estava corcunda com o tempo e com o abandono. O teto tinha abatido na sua parte central. Ao olhá-lo, senti que teria caído em cima de mim enquanto brincava, mas não. Eu já não era criança e já nem vivia lá.
No segundo passo após a entrada, à esquerda estava um mapa do tempo. A imagem denunciava o último hóspede.
------------------------------------------------------------------pag 32
Fiquei especado a olhar, o tempo tinha parado como há muito não acontecia. Aquela era a velha cama de grades de ferro dos meus avós. No entretanto, uma lágrima escapa dos meus olhos atentos, enquanto imaginava os sorrisos da minha avó, o lenço na cabeça, sempre a entalar o cabelo para dentro.
A cama estava junto á entrada. Denunciava um homem só, abandonado e que a usava somente para um momento de sono. Percebia-se que todo o resto da casa não tinha história para ele. Tinha sido tirada do velho quarto dos meus velhos que era três metros atrás e num patamar ligeiramente mais alto. Tinha ainda as mantas estendidas mas desenhavam uma cama usada e largada depois do sono. O hóspede nunca mais voltara para levar os seus pertences. O pó já lhe tirava a cor, enquanto o penico debaixo da cama indicava que a estadia do indivíduo tinha sido frequente. A imagem desenhava toda a ação e temporizava-a.
Pousei o tripé, peguei na minha Nikon de rolo e saquei várias fotos a preto e branco. O momento e o cenário eram únicos. A luz era um conjunto de raios luminosos saídos do intervalo das telhas já deslocadas e rasgavam aquele ambiente escuro e poeirento.
Em 1999 ganho a medalha de ouro (fotografia) na “Académie Européenne dés Arts” na Bélgica, no “29e Salon Int. Gembloux”. Mas nunca ninguém soube a verdadeira história desta foto.
Chorei com o que perdi mas com esse perdimento fiz a foto mais bela de sempre e com ela ganhei o prémio mais importante. Transformei a lágrima num sorriso orgulhoso.
A história de 2001 é de ouro. Os Beatboys davam os primeiros passos e fazem-se representar por todo o país. Havia muito para aprender.
Escolhi a equipa:
- Marko, Nadal, Zeca e mais tarde o Santos.
Aproveitei os meus conhecimentos como fotógrafo e comecei por tratar de apresentar o grupo com uma imagem profissional, algo que até então não existia. A fotografia é uma paixão que nunca morre, é um poema escrito com o olhar, é a expressão mais profunda da alma.
Guardava muitas recordações em fotos especiais, em momentos únicos congelados. Em 98 regressei a Penamacor e, como sempre regressei ao moinho para ver como andavam os meus amigos pássaros, rãs, cágados, peixes, árvores e outros… O tempo ia destruindo a imagem de uma quinta viva, cuidada, habitada. A melancolia entrava no sangue como um veneno rápido e fatal. Os caminhos, outrora marcados pelos rodados dos tratores, estavam alcatifados de ervas secas, misturadas por pequenos apontamentos verdes. Apenas se mantinha o cinza e castanho das pedras imóveis. O musgo apoderara-se dos topos das rochas.
A rocha gigante que se sentava mesmo em frente ao moinho, servia de parede lateral esquerda do caminho que descia declinado para a “loja” dos animais. Ela estava gigante como sempre mas mais vestida pelo musgo que a escurecera. Faltava a limpeza das minhas botas, quando na minha infância a trepava, e raspando-a, tornava-la mais coalescente e segura para as minhas escaladas.
A porta de entrada do moinho já mal fechava, estava corcunda com o tempo e com o abandono. O teto tinha abatido na sua parte central. Ao olhá-lo, senti que teria caído em cima de mim enquanto brincava, mas não. Eu já não era criança e já nem vivia lá.
No segundo passo após a entrada, à esquerda estava um mapa do tempo. A imagem denunciava o último hóspede.
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Fiquei especado a olhar, o tempo tinha parado como há muito não acontecia. Aquela era a velha cama de grades de ferro dos meus avós. No entretanto, uma lágrima escapa dos meus olhos atentos, enquanto imaginava os sorrisos da minha avó, o lenço na cabeça, sempre a entalar o cabelo para dentro.
A cama estava junto á entrada. Denunciava um homem só, abandonado e que a usava somente para um momento de sono. Percebia-se que todo o resto da casa não tinha história para ele. Tinha sido tirada do velho quarto dos meus velhos que era três metros atrás e num patamar ligeiramente mais alto. Tinha ainda as mantas estendidas mas desenhavam uma cama usada e largada depois do sono. O hóspede nunca mais voltara para levar os seus pertences. O pó já lhe tirava a cor, enquanto o penico debaixo da cama indicava que a estadia do indivíduo tinha sido frequente. A imagem desenhava toda a ação e temporizava-a.
Pousei o tripé, peguei na minha Nikon de rolo e saquei várias fotos a preto e branco. O momento e o cenário eram únicos. A luz era um conjunto de raios luminosos saídos do intervalo das telhas já deslocadas e rasgavam aquele ambiente escuro e poeirento.
Em 1999 ganho a medalha de ouro (fotografia) na “Académie Européenne dés Arts” na Bélgica, no “29e Salon Int. Gembloux”. Mas nunca ninguém soube a verdadeira história desta foto.
Chorei com o que perdi mas com esse perdimento fiz a foto mais bela de sempre e com ela ganhei o prémio mais importante. Transformei a lágrima num sorriso orgulhoso.
A história de 2001 é de ouro. Os Beatboys davam os primeiros passos e fazem-se representar por todo o país. Havia muito para aprender.
Num estranho e ocasional encontro no Café da Ponte” nas Docas de Lisboa, cruzo-me com uma mulher morena, decidida, linda e segura de si. Pouco tempo mais tarde viria a ser a mãe da minha filha Luana. Essa morena sensual, fez jus à sua imagem e decidiu ter uma gravidez sem interrupção. Para mim era a pior notícia do mundo. Com o nosso relacionamento amoroso terminado, pensava eu que, depois de ser pai, ninguém queria olhar para a minha cara, tinha de ser julgado, não iria ter mais namoradas que me quisessem… Um conjunto de maus fatores que me transformavam num pobre coitado.
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Efetivamente, não apareceu ninguém que me dissesse que ser pai era normal, era bom, era um dom da natureza, um amor inegável. O mundo acinzentou de tal forma que revoltei contra tudo e contra todos. Os meus choros eram de raiva. Não era de raiva contra o filho mas contra toda a situação. Mas Marta nunca perdera a calma e sofria no silêncio da minha estupidez. Se alguém pede a Deus tudo de bom, Marta pedia ao Marko para ser um simples pai, mas eu não queria ouvir.
Um dia perguntaram-me:
- “ Por que é que tiveste medo de amar a Marta?”
Porque era imaturo, estava a encetar uma nova vida e tive medo de ser amado. E o pior que pode acontecer é termos medo de sermos amados. É tão bom ter quem goste de nós! Hoje tenho uma noção bem diferente do amor. Quem me amar, ama quem eu amo e ama quem está comigo. Quem me ama não me separa de quem amo, não me separa de um filho, sabem porquê? Porque o amor não é um pacote de leite que se coloca na mesa e que se divide, com medidas limitadas por quem se senta nela. O amor não tem limite. É infinito. O amor não se esgota numa pessoa, em duas, em dez. O amor dá para quem quisermos amar. Quem ama o companheiro, ama o filho, ama o filho de outro, ama o neto, ama o afilhado, ama o amigo, ama quem desejar amar porque o amor nunca se esgota em quantidade, só em qualidade. Quem me amar tem de ter a qualidade de amar quem me pertence.
Finalmente nasce a Luana, enquanto eu entro no programa televisivo da Sic, “Acorrentados”. Este era um programa que eu odiava e jurava nunca entrar nele para fazer aquelas figuras.
Todas as noites eram de loucura com o meu compincha, o “Vida Louca”. O Vida Louca era um género de boémio controlado, com um emprego técnico numa grande empresa internacional. Excedia-se nas loucuras mas a sua vida era responsavelmente controlada financeira e profissionalmente.
Numa tarde de passeio em Alfragide, o Vida Louca recebeu um telefonema. Era da produção do programa que ele se tinha inscrito por curiosidade. Ele declinou a oferta para entrar mas sugeriu-me de imediato. Estava perante um dilema: Era a minha grande oportunidade mas tinha pela frente o programa que mais detestava. Aceitei duvidosamente…
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Tinha apenas dois dias para preparar tudo. Um dia antes do início do “Reality show” perguntei se podia desistir e a pergunta foi rejeitada perentoriamente e, lá entrei no programa com Isabel Figueira e mais três concorrentes masculinos. As regras eram rigorosas e levavam-nos ao desespero. Estar com as mesmas pessoas durante vinte e quatro horas e ligados por uma corrente curta, não era nada fácil. Recordo-me do melhor episódio. Foi com a famosa “Tiazinha”. Sei que era uma mulher baixa, morena, corpo quase perfeito, bonita mas sempre com uma máscara no olhar. Era um símbolo sexual estranho vindo do Brasil. “Tiazinha” tinha preparado uns pratos típicos brasileiros e iria jantar connosco. O grupo foi dividido em dois.
O primeiro grupo chegou para ajudar a artista. Eu cheguei no segundo grupo, um pouco mais tarde. Os pratos confecionados estavam identificados e um deles tinha uma matreirice… Era o “Bobó de camarão”, (bobó (palavra do calão) = sexo oral). Num tom irónico, explorando a inocência da brasileira, perguntei:
Marko -“Tiazinha, quem fez o “Bobó”?”
Tiazinha -“Eu Markão, porquê?”
Marko -“Se eu pedir, você faz um para mim?”
Tiazinha -“Claro meu querido”
Tudo isto num direto televisivo. Eis quando um concorrente me interrompe e de uma forma humilhante, chama-me á atenção dizendo que as minhas piadas estavam gastas porque ele já tinha brincado o suficiente sobre este tema com a artista. Ele era um género de brincalhão obsessivo á espera duma oportunidade de fama no mundo do humor. Suportei e disse-lhe que simplesmente que eu não tinha estado presente e nem imaginava nada do que ele estava a falar. Mas a minha humilhação estava consumada para delícia do executante.
Mais tarde, já na ida para a caminha e depois de longas conversas na sala de estar, numa das várias curvas do corredor, os cabos das câmaras de vídeo ficam entrelaçados e prendem os Cameraman. Duas esquinas mais á frente, já sem qualquer técnico de filmagem devido ao imprevisto, ficamos frente-a-frente no corredor e então o que ficou por dizer saiu no momento certo, longe de todos os olhares dos telespetadores:
Marko: - “Olha, da próxima que me humilhes em público dou-te um murro na tromba porque tu és um merdas e um invejoso! Aquele era o meu momento, tinha todo o direito de brincar, não ofendi ninguém. Não sabia da tua conversa e nem tinha de saber porque não te devo satisfações, nem a ti nem a ninguém porque sou responsável pelo que faço, e tu não és advogado de ninguém. A partir de agora não te atrevas a meter-te no meu caminho, não me vais usar mais para sobressaíres!”
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De repente reinou o silêncio, não houve respostas e o recado ficou dado longe das cameras. No dia seguinte o concorrente dirigiu-se a mim e pediu-me desculpa, assumindo a sua atitude imprudente. Uma semana depois saí a meu pedido. Decididamente, aquele não era o meu barco, nem estava para aturar birras de modelos.
À saída, um novo mundo me esperava. Não era o Marko, agora era o Marko dos “Acorrentados”. Palavras sábias foram registadas por mim quando, uma senhora da equipa de produção do programa, numa festa de despedida deste “Reality show”, me disse: -“Parabéns, és um grande homem, tens caráter e talento. Tu vais longe, acredita em ti”. Esta frase nunca mais saiu da minha mente e também nunca soube objetivamente porque vieram mas sabia que tinham vindo de alguém sábio, maduro, atento, profissional e isso tinha todo o valor para mim. Suspeitava que a equipa de produção se apercebera das dificuldades que passei com as futilidades dos restantes concorrentes.
Os meus passeios na rua eram acompanhados de perseguições de fãs, uns perseguiam sem coragem, outros mandavam piadas, outros pediam fotos e autógrafos, etc. Deixei de ter privacidade, passei a ser uma figura pública e estava a gostar. Dava muitas entrevistas semanalmente mas um dia recebi uma chamada telefónica dum jornalista a alertar-me sobre uma notícia escandalosa, que ia sair sobre mim. Pela primeira vez tremi verdadeiramente. Estava a ser triturado pela máquina dos “Media”.
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Fama, escândalos e ilusões
A fama dos “Reality show” é rápida, eficaz, e é produto de uma máquina industrial de audiências. As pessoas entram na vida dos participantes, julgam, condenam e manipulam. Um concorrente pode transformar-se, na mente do telespetador, num inimigo, num herói, num amigo, num desejo, num ser repugnante… Funciona como um alimento para recalcamentos, revoltas, desejos, invejas, vontades de justiça…
É habitual, desde a estreia dum programa, iniciar-se com a divisão de quem vamos odiar ou gostar, como se de uma coleção de cromos se tratasse. Uma necessidade cega de justiça começa a nascer na assistência. O António é antipático, a Joana é uma vaca, o José é uma vítima, o Francisco é mentiroso e burro, a Ana é conflituosa e falsa, merecia ser humilhada, etc. …
Depois vem os “Media”. A imprensa é fria, dura, insensível e isso diverte a “plateia”. Na verdade, quando alguém se expõe desta forma, fica sujeita a todas as críticas e dá o direito de expressão a quem o desejar fazer. A vida já não é propriedade privada. O problema é que uma crítica é isso mesmo, é subjetiva, e muitas vezes não se baseia em fatos mas sim em rumores ou opiniões de alguém que deseja vingança. O leitor deseja polémica, notícias negativas e destrutivas, revelações de segredos obscuros. É um desejo da natureza humana, adivinhar os pensamentos e os segredos do próximo. Como essa capacidade não existe, os “Reality show” permitem expor a vida de cada interveniente duma forma nua, crua, cruel e por vezes devastadora.
Se um meio de comunicação publicar ou exibir uma notícia cujo o conteúdo seja elogiar ou falar de virtudes de alguém, essa notícia está condenada ao fracasso. Mas se a mesma for polémica, reveladora de um segredo ou lado escuro, então ela será interessante, intensa, motivo de excitação e discussão.
A previsão do jornalista que me tinha alertado tinha-se consumado. A revista “Maria”, tinha-me colocado em grande plano na capa. Era uma foto bem escolhida. Uma foto de casal apaixonado, minha e da Dolores, a minha companheira de então. Quem via a foto, não via a notícia, porque a notícia era a antítese da fotografia. O título era arrasador: “Escândalo!”, “Marko tem uma filha e não assume”.
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A notícia deixou-me de rastos, principalmente por ver a minha filha nas revistas por maus motivos. A notícia causou mau estar a toda a gente. Esta atitude não resolvia nada, não melhorava a relação com a mãe da minha filha, não fazia de mim um pai melhor, não ajudava as famílias envolvidas e por certo, não trazia felicidade para o futuro da Luana. A origem da notícia não foi na Marta. Era uma notícia que revelava insensatez e não previa as consequências negativas futuras. Era uma espécie de vingança pela minha má reação como iniciante na vida paternal. Percebo que a intenção era colocar a minha bebé em pé de igualdade com o novo mundo que me rodeava mas o caminho escolhido tinha sido o pior. A minha resposta á imprensa não foi a melhor.
Reservava-me o direito de resposta. A raiva estava entranhada nas minhas palavras. A minha inexperiência levou-me a responder com o coração e não com a razão.
Após um breve diálogo com a jornalista, pedi-lhe para não gravar a conversa a partir desse momento. A jornalista já se tinha envolvido de tal forma que a certa altura parecia que estava a desabafar com uma velha amiga, pois as perguntas começavam a surgir de uma forma tão bem elaborada e pensada que nem tive tempo para esfriar a minha emoção. Voltei a perguntar:
Marko - “Olhe, não está a gravar, pois não?”
Jornalista - “Claro Marko, não estou a gravar.”
Provocado pelo desenrolar da conversa e pela minha inexperiência, caí na armadilha como um “patinho. Falei tudo o que não devia, subjetivamente, sem nenhuma base fundamentada. Falei de más intenções da Marta, mal da família, falei que queriam levar o meu dinheiro porque pensavam que agora auferia de muito, etc. Embora não concordasse com a notícia da revista “Maria”, nem com quem a entregou aos “media”, isso não justificava a minha atitude, principalmente porque falei do que eu pensava mas nunca me interroguei se estava correto, ou se estava a ser justo. Não fui justo, não fui correto, não fui verdadeiro porque não procurei a “verdadeira” realidade. Paguei a injustiça com outra injustiça. Mas o meu erro não me impediu de tentar corrigi-lo, nem de construir uma saída benéfica para todos. Pedi perdão a quem devia, pediram-me perdão quem eu desejava e hoje sei que a avó da minha filha tem sempre uma palavra positiva para mim, as tias sempre parvas para mim (ironia) … Hoje sei também que a mãe da Luana é a amiga que posso e vou contar até aos últimos dias da minha vida.
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A fama é mesmo assim. É um fardo pesado, incómodo, sádico e muitas das vezes num caminho curto, que foi o meu. A fama é uma vela que arde, dá luz e que quando termina a cera, acaba na tristeza da escuridão. Resta uma rápida nuvem de fumo que se dissipa no horizonte.
Após o programa televisivo “Acorrentados” passei um período duma relativa fama, com muitos autógrafos, participações noutros programas televisivos e radiofónicos, notícias em muitos jornais e revistas. Sentia-me um herói. Sentia-me tão famoso, importante e adorado que pensava que o mundo dependia de mim. A minha vida, no meu entendimento, estava decidida pelo sucesso, não por algum projeto que tivesse em mente mas porque achava que tinha tudo o que desejava e tudo o que eu decidisse, eu conseguia. Bastava um telefonema para uma revista e de imediato tinha uma entrevista. Se eu quisesse entrar num filme, bastava pedir ou nem isso, eles é que me pediam. Agora eu era o maior, invencível e desejado.
A realidade era bem diferente. Eu era realmente desejado mas tinha uma validade curta como todos aqueles que são fruto da fama imediata. Servimos apenas até ao momentos que os “media” produzam outro herói que tome o nosso lugar. Aí, é como se passássemos o testemunho ao próximo mas de uma forma inconsciente. A nossa imagem começa a dissipar-se no horizonte do tempo. As revistas começam a trocar as nossas páginas pelas páginas dum novo produto fabricado, até ao ponto que já nos fazem um favor se escreverem algo sobre nós.
De repente apercebi-me da ilusão, o mundo que construí nunca existiu, o público que me amava ficou distraído. Mesmo assim, não conseguia compreender.
Ainda no rescaldo desta fama fulminante, visito o espaço “Bastidores”, piso zero do restaurante “Café Café” do melhor humorista português, Herman José. Fui sugerido por um amigo, apelidado por Richard Gere. O gerente do espaço ofereceu-me uma noite para fazer um espetáculo de teste. Era um Sábado e todas as semanas, nesse dia, as noites eram preenchidas com despedidas de solteira. O show de Strip era indispensável.
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Acreditar
Estávamos em pleno ano de 2002.
A primeira noite foi decidida pelo J.A. como uma noite experimental. O J.A. era um gerente muito exigente, não fosse ele o representante do Herman José neste negócio. Culto e observador, ele era um indivíduo muito humano, com ele todos os dias aprendia algo de bom. O espetáculo decorreu bem e fiquei residente no Bastidores todos os Sábados. Às terças-feiras assistia á atuação do Herman. Era um espetáculo mais íntimo, sempre muito animado. O humorista aparecia habitualmente no restaurante e tinha sempre a intenção de conhecer e saber tudo o que se passava no seu espaço. Apesar de ser o humorista mais famoso do país, o “Zezito” é um homem extraordinariamente culto, muito humilde. Sempre que nos visitava, encantava-nos com a sua boa disposição e fazia questão de cumprimentar todos os que encontrava pelo caminho.
Pessoalmente, passava algum tempo a conversar com Herman e J.A.. As conversas eram deslumbrantes, havia sempre histórias fantásticas e que me prendiam a atenção. Herman José não era muito afável a doações para peditórios pontuais. A sua teoria tinha um forte fundamento. Na verdade, quando doamos dinheiro a alguém para ajudar terceiros, nunca sabemos onde vai parar a nossa ajuda. Tantos casos conhecidos de organizações que nasceram para ajudar e os seus fundadores enriquecem tão rápida e estranhamente que ficamos perplexos com as verdadeiras intenções. Por exemplo, o dinheiro que muitos de nós entregámos para ajudar as vítimas do Tsunami, só serviu para alguns enriquecerem e para as vítimas pagarem a máquina empresarial americana. Na prática, os europeus pagaram para os americanos ficarem com o negócio da reconstrução. Quem ganhou? As vítimas pouco usufruíram e as empresas americanas ficaram com a que sobrou daqueles que encheram os bolsos. Faz-me lembrar o dinheiro ganho das comissões de festas santas. As receitas são sempre para Deus. Então, manda-se o dinheiro para o ar para que Deus o apanhe. O que Ele apanhar é dele, o que cair é da comissão de festas.
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Ainda me meti na aventura de cantar. Encantado pelos palcos e pela moda de ser cantor, decidi fazer um projeto musical. Ainda restava uns fumos da fama e queria aproveitar. As minhas dúvidas e a minha ilusão faziam de mim um tal produto da fama imediata. Era arrogante no meu íntimo, tinha um falso sentido de superioridade, achava que o meu mundo não entrava qualquer um. Isto acontece a todos. Sempre que vejo esses famosos nascidos da fábrica de vedetas, sei que os seus primeiros tempos vão ser ridículos e vão fazer papéis públicos que nem eles imaginam a fragilidade a que estão sujeitos. Eu também passei por isso. E assim decidi falar e pedir conselho ao Herman José.
Marko – “Herman, agora queria avançar com um projeto a cantar e acho que não devia fazer mais Strip porque se calhar não fica muito bem.”
Herman fez uma expressão de admiração e numa resposta, quase abespinhado, disse:
Herman – “Mas tu não danças?! As pessoas não gostam de te ver?! As pessoas não gostam de ti?! Então caga no que os outros pensam, faz o que gostas e vai em frente sem medo. Isso é uma tamanha estupidez… És um artista, gostas do que fazes, não tens nada de te envergonhares do que fazes!”
Estas foram as palavras que me mudaram para sempre. Enchi-me de orgulho. Nunca mais iria negar os meus sonhos, o prazer de fazer o que gosto, de seguir o meu caminho, independentemente da fama, do que os outros pensem, do que outros achem que seria o meu caminho correto.
Para além do local de trabalho, no Café Café / Bastidores tinha encontrado um ponto de encontro de amigos e era lá que partilhava todas as minhas aventuras e desilusões. Um dia, ao acordar, decidi abrir um e-mail que já estava pendente há uns dias. O texto alertava para a violência das imagens. O ficheiro era um vídeo da morte do jornalista internacional, Daniel Pearl. Este jornalista tinha sido raptado pelo grupo terrorista. Este jornalista foi brutalmente degolado, ao vivo para uma camera que filmava todo o ato bárbaro. A cena era no mínimo, animalesca, violenta, insensível e era uma carnificina. Eram visíveis os movimentos de dor e desespero do jornalista enquanto alguém, um ser, que não podia ser humano, o agarrava no cabelo e com a outra mão, lhe cortava lentamente o pescoço com uma grande faca. A voz ia-se perdendo juntamente com a vida. Ao ver este vídeo, pela primeira vez, corri para a sanita com vontade de vomitar. Pensava que só acontecia nos filmes.
Em 2002, Daniel foi para o Paquistão como parte de uma investigação sobre as supostas ligações entre Richard Reid (o "sapato-bomba") e a organização terrorista Al-Qaeda. No país, foi raptado por um grupo de terroristas na cidade de Karachi, quando estava a trabalho junto a sua esposa Mariane Pearl, que estava grávida. O rapto durou 5 semanas e Daniel foi assassinado e esquartejado em 10 partes. Um vídeo foi gravado e, inclusive, na época, ficou disponível na internet.
In http://pt.wikipedia.org/wiki/Daniel_Pearl
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No dia seguinte, cheguei a Alcântara e disse ao J.A. que tinha um vídeo horrível para lhe enviar, que era arrepiante e desumano.
A reação do meu amigo foi fora do expectável. Ele rejeitou veementemente ver as imagens e explicou:
J.A.: - “Oh Marko, nunca me mandes coisas más, tristes… Manda-me coisas positivas, alegres, coisas que me façam feliz, que alegrem o meu dia, que me façam sorrir… “
Pela primeira vez ponderei sobre este assunto. Tinha toda a lógica. Se eu me senti mal, se me deu vontade de vomitar, se fiquei transtornado, se não gostei do que senti, então porque desejo tudo isto para o próximo?! Porque temos curiosidade por fatos que nos deixam tristes, negativos e até nos fazem sofrer?! Porque gostamos de fazer mal a nós próprios?! O que ganhamos com a interiorização de coisas ruins no nosso íntimo?
Porque não procuramos, nem nos preocupamos pelo que nos faz feliz, nos faz sorrir, nos faz sentir vontade de viver?! Porque é que o mal tem mais poder em nós que o bem? Porque nós permitimos.
Nós abrimos as portas ao bem e deixamo-lo entrar como se fosse um hóspede habitual e mal reparamos nele. É como se estivéssemos sentados no sofá, tocassem á porta, levantássemo-nos para a abrir e sem olhar para quem entra, voltássemos para o sofá para continuar a comer pipocas e ver o filme. O mal é sempre um convidado especial, intrigante, fascinante e nunca passa a nossa porta sem lhe darmos toda a atenção.
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Partilhei então algo mais divertido com o gerente. Contei-lhe uma história de infância lá no moinho. Lá, no auge da minha vida de criança, passeava pelo campo com toda a minha liberdade, respirando aquele perfume da natureza. Um dia, um pouco distante da casa, fui atacado por uma necessidade fisiológica. Precisava de obrar. Dirigi-me junto a um muro para proteger a minha privacidade. O chão era irregular e desconfortável. Lá consegui os meus intentos mas, no momento de me limpar percebi que não tinha solução. Resguardado por uma fileira de videiras, estiquei a mão e colhi umas folhas. Com coragem, limpei-me mas as folhas ásperas deixaram marcas. Ao anoitecer, a comichão era insuportável e uma ideia luminosa surgiu. Que ideia?! Desinfetar a minha parte íntima irritada, com álcool etílico. A aventura foi tal que durante dois largos minutos fiquei aos saltos com um intenso ardor, que não passava, enquanto as minhas mãos pareciam palas de ventoinhas em funcionamento viradas para o meu traseiro. Eu bem tentava arejar-me mas o vento produzido pelas minhas mãos, era inútil.
Muitas vezes observamos situações ou imagens que nos oferecem recordações, boas e más.
Não dava nada para ser mais novo e saber o que sei hoje. Acho que vivi bem, aprendi quando devia aprender, senti emoção quando devia sentir. Se soubesse mais do que sabia, viver não teria tanto encanto.
Renovo os Beatboys. Aconteceu exatamente o que esperava. Os elementos disponíveis para a primeira formação revelaram a sua incompatibilidade. Apenas estavam disponíveis para ganhar dinheiro, eu queria que o grupo trabalhasse e investisse em guarda-roupa para elevar o nível dos espetáculos. O espírito de equipa falhara mas eu não me rendi. Antes da renovação, o Zeca pediu-me para dar mais uma hipótese a Nito porque, segundo ele, estava mais humilde. Entrando para os BB seria um bom trunfo. Cedi ao seu pedido e na primeira reunião do grupo tudo se revelou. Apresentei as novas orientações, objetivos e novas coreografias. A meio da reunião, Nito afasta-se com Zeca e apercebo-me que algo se passa. No final da reunião, após as despedidas, abordo Zeca para perceber o que se passava. Revela então que Nito não concordava ficar nos BB porque eu era o líder e ele entendia que o grupo não o deveria ter. Facilmente percebi a jogada. Não havendo um líder, ele entrava no projeto, ganhava o seu espaço e aos poucos destruiria o mercado que aos poucos, os Beatboys já iam conquistando. No mínimo, eu era o fundador e esse era o mínimo respeito que ele deveria ter por mim. Deu-se então a ruptura final.
Os novos Beatboys estavam apresentados. Mantiveram-se o Santos, o Nadal, o Zeca, entrou o Tony e o José. Agora estávamos os seis.
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Eu liderava, Santos tinha um aspeto latino, empenhado mas apenas contava a imagem já que na dança, ele não tinha muito jeito. O Zeca era um dos mais antigos neste meio, muito musculado, carregado com alguns vícios da profissão mas com humildade suficiente para permanecer no projeto. Tony era magro, definido, muito sociável mas estranho. Não tinha uma personalidade muito forte e facilmente seguia os passos e os tiques de outro colega que admirasse. Da Venezuela vinha o José. Um típico latino-americano, muito sensual, baixo, corpo exemplarmente bem trabalhado. Seguia as vedetas latinas do momento, como Ricky Martin, e dançava provocantemente com movimentos de cintura constantes. Tanto o ego como o corpo, tentava mantê-los sempre em forma.
Dois meses depois desta renovação, percebi que o Zeca e o Nadal não compareciam às reuniões nem aos ensaios. A verdade depressa foi descoberta. Nito tinha conseguido os seus reais propósitos, estava a ensaiar e a criar um grupo concorrente, nas minhas costas, levando os dois dançarinos. O Zeca não se conseguiu justificar, lamentando a atitude e Nadal disse que não pertencia a nenhum grupo, ia onde lhe dessem dinheiro. Afinal esta falta de escrúpulos não me era prejudicial porque assim estava livre de quem não servia. Cada vez que caio, levanto-me com mais força. Mantivemo-nos os quatro restantes enquanto Nito tudo fazia para me destruir.
O grupo mantinha-se ligado no Passerelle2 e todos os Sábados partilhávamos a disputa do palco. Não havia lugar para atitudes de “prostitutos”, ninguém se oferecia, as mulheres presentes é que nos procuravam para os Table-dance e Private-dance. O mérito de cada um era mostrado no palco e ninguém se atrevia a “extorquir” qualquer senha a uma cliente sem ela o desejar. O clube de Strip masculino lotava com mais de quatrocentas mulheres, entre despedidas de solteira, clientes habituais e outras que ali encontravam um lugar diferente, animado e longe dos “Posso te conhecer?”. Ali, a liberdade feminina era total.
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Loucuras e Fantasias
Eu envergava uma fantasia de Cowboy com um chapéu de muita qualidade, comprado numa chapelaria do Rossio. Era um chapéu em pele de coelho que zelava por mantê-lo sempre impecável. Vestia uma capa branca, comprida, em napa. O varandim do primeiro andar estava próximo do varão direito que estava unido, do chão ao teto. Começava o show com o tema musical “Let me entertain you” do cantor Robbie Williams. À primeira batida lançava-me do varandim para o varão, a uns quatro metros do solo. Descia, rodopiando pelo tubo vertical, permitindo-me a visão geral da sala e do público presente. Muitas vezes, ao aterrar, os gritos femininos eram tantos que mal conseguia ouvir a música não podendo iniciar a coreografia. O apoio gerava a adrenalina necessária para manter a energia durante dez minutos ininterruptos. A entrada num palco é sempre um momento enervante, Nem o tempo, nem a experiência diminuem esse nervosismo. Cada vez que entro em palco parece sempre a primeira.
Sempre que olho para trás chego à conclusão que a minha vida é uma loucura sem pausa. Vida louca?! Sim, vida louca da qual não consigo nem quero fugir. Daí, facilmente transformar os meus erros, em loucuras. A minha vida armazena pequenos pedaços de filmes, muitos deles sem ligação possível, porque cada momento vivido é um momento do passado. O futuro é sempre incerto e nem sei se o terei. Não me quero lamentar do que poderia ter feito e não fiz. Mas se o fizer e errar, fica sempre um bem precioso, a lição. A lição de saber o que é um erro, saber o que não devemos voltar a fazer, ou o que posso fazer melhor. O final tem de ser sempre um final feliz, nem que seja por ter aprendido um pouco mais sobre a vida.
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O que para muitos será um erro e um pecado, para mim foi a melhor decisão, não me arrependo e sinto-me feliz por tê-la tomado. Uma noite, daquelas noites bestiais no P2, entrei em palco, sempre rodeado de assistência. Estariam mais de quatrocentas mulheres. Dirigi-me para palco, numa passagem junto ao bar e com muita dificuldade. Nos primeiros passos antes de entrar, o meu corpo já tinha sido percorrido por dezenas de mãos, principalmente no rabo, tara feminina definitivamente assumida pelo sexo feminino. Uma resposta social ao facto dos homens, desde sempre, usarem a imagem dos traseiros femininos como fonte de inspiração sexual.
Ao entrar em palco, uma visão estranha captou a minha atenção. Uma rapariga de branco. Estava sentada no sofá, um pouco atrás de dois pilares gigantes que suportavam a estrutura do edifício. A saia branca de linho, comprida, completava o seu olhar penetrante e deliciado. Ela não esboçou nenhuma reação efusiva, não gritou, não se levantou, não se manifestou… O seu olhar abrilhantado não escondeu uma atenção fora do normal. Fiquei completamente hipnotizado, acho que ambos ficámos. Sem fugir do olhar, aproximei-me e senti as mãos dela passando no meu corpo e com a aproximação complementada, senti o meu corpo colado. Efetivamente, quando estávamos bem juntos, muitas mãos se misturaram ali, pois, sempre estávamos em palco, no raio de ação das mãos femininas, elas nunca hesitavam em tocar-nos, fosse qual fosse a parte do corpo, desde que a mão alcançasse, era válido. Mas no meio daquelas mãos todas, só as dela me tocavam de verdade.
Terminei a atuação e foi notável a empatia entre ambos. Ela era noiva que festejava a sua despedida de solteira.
Troquei de roupa no camarim, dois pisos acima. Regressei ao piso zero, junto ao bar e, uma mulher aborda-me. Entregava-me uma senha para fazer um “privado” com a tal rapariga de branco. Fui buscá-la pela mão e levei-a para o tal espaço reservado, sem acesso aos olhares de terceiros. Não foi preciso muito para identificar os desejos de cada um. Pela primeira vez senti que, aquele era um daqueles momentos únicos, proibidos, sem regras. Sabia que o meu pensamento estava de costas viradas para os meus princípios profissionais.
No mundo da noite temos um princípio: A mulher do nosso amigo é intocável.
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A violação desta regra pode dar lugar a uma solução mais radical e a um castigo mais severo. Para mim, uma mulher comprometida não é motivo de excitação, nem de desejo. Pelo contrário. Não me aprovo, envolver-me com alguém que esteja unido a outra, em que saiba que há amor pelo menos num dos lados.
Existe um sentido de vingança num homem quando “desfruta” da mulher do próximo. Este ato fá-lo sentir-se superior. Existe a sensação de que, se uma mulher procura outro homem para além do seu parceiro “oficial”, é porque o que encontrou é melhor. Penso que isto se aplica a ambos os sexos, apenas a mulher é mais sentimentalista e tem outro tipo de valores.
Na verdade, muitas vezes, o único valor encontrado é o facto de, com a amante, não ter responsabilidades públicas, não ter obrigações, servir no part-time e ser um fruto proibido. Na/o amante há uma reconquista constante porque não há um compromisso efetivo, enquanto com no casal “oficial”, essa reconquista desaparece, já não há nada para conquistar, nada merece o agrado, não há nada de novo. Quanto mais o casal caminha para a harmonização, mais caminha para a monotonia. Quanto mais existe monotonia, mais ela é assumida como um facto consumado. Sendo um facto consumado, nenhuma das partes tem a coragem de dar uma pedrada no espelho, preferindo manter aquela imagem de que tudo está bem, que a sociedade os observa como um casal normal e harmonioso. A conquista do nosso/a parceiro/a nunca é uma missão findada. Todos os dias há portas por abrir, emoções por explorar, loucuras por partilhar, palavras por dizer, carinhos por oferecer, momentos certos para viver…
O momento certo para eu viver era este mas aquela mulher de branco não tinha qualquer ligação comigo sem ser o olhar e a química. Tenho a certeza que ambos sentíamos que se algum dia tivéssemos de pecar com vontade, aquele era o momento o exato.
Entrámos no “privado” e fechei as cortinas.
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Ela sentou-se, subjugada ao momento. Aproximei-me lentamente dela, sem desviar o olhar. De repente, as nossas faces colaram, as bocas começaram a tocar-se até partirmos para um beijo intenso. Os corpos colaram-se completamente. Estiquei o braço e levei a minha mão até ao seu sapato onde sabia que ia encontrar o fim daquela saia comprida de linho. Agarrei-a e subi-a, deslizando a ponta dos dedos pelas suas pernas sedosas até as sentir nuas. Aquela sereia vinha das profundezas dos meus desejos. A sereia, ajustava-se a todos os meus movimentos e cada vez nos encaixávamos mais. Meti a mão direita nos seus glúteos e puxei-a ainda mais. De repente esqueci-me onde estava e o que estava a fazer. Com os corpos já bem suados, levantei-me, dei-lhe a mão e puxei-a de novo. Em pé, exploramos o corpo um do outro sem perdão. Sentei-me de seguida, olhei-a e esperei a iniciativa do desejo. A sereia levantou a saia, sentou-se ao meu colo de pernas abertas e de frente para mim. Os meus calções, a única peça de roupa que restava no meu corpo, já estava um palmo abaixo e ela, suavemente cobriu-me na intimidade com a sua saia comprida, puxou a lingerie branca rendada para o lado e consumamos o desejo.
Durante breves minutos o mundo parecia uma primavera muito colorida. Acho que a definição de orgasmo se aplicou a partir do primeiro beijo e quando tudo terminou ela beijou-me e disse:
Sereia: - “Obrigada, adorei.”
Até hoje, nunca mais nos vimos e se nos cruzamos não sei nem me interessa, aquele momento não tinha, nem passado nem futuro. Foi apenas um momento.
Os bons momentos continuavam no “Café Café”. Estava lá todos os sábados, sempre com casa cheia. Muita gente do mundo do espetáculo ia ao espaço Bastidores que, começava as 20 horas como restaurante e passava a ser um bar animado com karaoke e com os meus shows a partir da meia-noite. Muita gente passava por lá, desde José Cid, Wanda Stuart, Merché Romero e o Oscar Romero que animava muitas das noites com o seu espetáculo de muito bom humor.
Recebia as palmas e o respeito de todos eles. Recordo-me perfeitamente das palavras do nosso querido actor que já partiu, o Camacho Costa.
Camacho chamou-me, sorriu, com a sua simpatia e vontade de viver, deu-me os parabéns pelo espetáculo e lá me sentei um pouco na mesa entre um copo e um conjunto de histórias cómicas da vida.
Sentia-me orgulhoso porque, para além da vulgaridade com que muitos tentam rotular a minha profissão, havia os verdadeiros artistas e esses sim, estavam ali aplaudir-me e a dar a cara para me apoiar.
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Num dia de calor alentejano, fui com toda a equipa do programa televisivo HermanSic para um monte alentejano. Eu, José e Tony íamos fazer figuração para uma cena com a Maria Vieira, actriz do programa do Herman José. A cena consistia em estarmos na cama com a Maria, completamente nus e só ia ser gravada durante a tarde. De manhã, e já com o sol a acalorar os campos alentejanos, vários camponeses juntavam-se dentro da propriedade para assistir ao desenrolar das cenas. Gente humilde sempre sorridente, falavam entre eles sobre o que se passava. Imprevistamente, Herman surpreende!
Ele sai da casa, de cuecas e passeia alegremente pelo campo e pelo meio das pessoas. De repente todos esboçam uma gargalhada e a pouca tensão que havia, desapareceu para dar lugar a uma alegria conjunta. O humor e o à vontade de Herman era contagiante, de tal forma que deixamos de ver um homem importante, uma vedeta dos ecrãs e passamos a ver um homem simples, humilde, acessível e de cuecas, no meio dum campo no Alentejo.
Durante a tarde fizemos a cena. Antes tínhamos aproveitado a calma dos montes alentejanos para descansar um pouco. Sabia que José, o Venezuelano, não gostava de brincadeiras em que lhe chamássemos “cabron” (cabrão). Foi o último a terminar a sesta. Ao levantar-se, passa por nós em direção a casa de banho para lavar a cara. O nosso motorista grita: - “ Cabron, já acordas-te?”. José continuou o caminho. De regresso, dirigiu-se a mim, e num monólogo violento diz-me que não admitia que lhe chamasse tal nome e que já me tinha alertado sobre isso.
A situação ficou tensa mas eu prendi o impulso e expliquei-lhe que não tinha dito nada. A desconfiança aumentava e na ressaca do sono já tinha bloqueado qualquer hipótese de ser sensato. O motorista interrompeu, lá o convenceu da sua falta de razão e acabou por pedir desculpa.
Um pouco depois fomos filmar a cena. Todos os presentes estavam prestes a descobrir o que é que tinham escondido, estes homens musculados e símbolos sexuais das mentes femininas. Os olhares não descolavam enquanto nós caminhávamos semi-nus para o local da filmagem. As provocações suavam de todas as bocas, “ Vá lá, mostrem lá isso!”. Mas nós não cedíamos, acho que estávamos naqueles momentos nervosos idênticos a quando um homem entra na água gelada do mar. A água gélida é constrangedora, o choque de temperatura faz encolher o pénis de tal forma que, deixamos de ter um pénis pequeno para ter um clítoris gigante.
E lá nos deitámos completamente nus com a Maria Vieira, protegidos q.b.
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A actriz Maria Vieira é aquele tipo de ser humano com o coração do tamanho do mundo. Junto a ela ninguém deixa de viver. Ela é um poço de vontades, de conselhos, de alegrias e de luta constante por um mundo melhor tudo acaba em “inho”: papinha, diazinho, comidinha, amorzinho, bolinho, vidinha, queridinho…
Não me recordo bem da cena gravada para o HermanSic mas era por certo uma sátira humorística às fantasias.
As fantasias acompanham-nos durante toda a vida e tudo se torna triste quando não as sentimos ou partilhamos. Para nós homens muito agradecemos aos filmes de adultos ou as revistas “Gina”, “Tânia”, etc.
Estas revistas preencheram durante muito tempo as imaginações de muitos homens e adolescentes. Eram revistas para adultos, pornográficas e que exibiam fotos de mulheres nuas ou sexo explícito. As histórias eram sobra fantasias proibidas, ordinárias e muito mais…
Vagueando pelos tempos, vem-me à memória os tempos de aprendizagem sexual ou "tara" sexual...
Muito devemos á "Gina", á "Tania" e a outras... Falamos das famosas revistas que vinham com um defeito de fabrico comum. As páginas colavam-se estranhamente e em conteúdos muito específicos. Muitos de nós, machos duros, iniciámos os primeiros gestos da nossa vida, sonhamos tão alto que até chegamos às nuvens e numa noite chuvosa. Daí ficarmos molhados.
Desculpem!!! Para quem não sabe, estas eram as revistas mais proibidas e escondidas nas casas dos pais... Por nós. Eram simplesmente as revistas pornográficas mais famosas do mundo. Sim, aquelas que se encontravam facilmente debaixo das camas dos "teens".
Ainda se lembram quando corriam para casa direitinhos ao quarto e abriam a revistinha na página que tinham terminado na última vez?! Das vezes que iniciavam uma bela masturbação e eram interrompidos pela mãe ou pai que se lembravam de vos mandar para a mesa ou perguntavam: - " O que fazes tu sempre fechado no quarto??!!!". Das vezes que se vinham, lá sujavam a revista como se, em vez de papel, ali estivesse uma linda e porca gaja toda aberta para nós, prontinha para ser comida. Pior era que, depois de se virem vinha a agonia da verdade, que tudo não passava de uma pura imaginação, que afinal já não podíamos mostrar a revista ao amigo porque já estava suja!!! Ou então, até nos emprestaram a “Gina” e na parte onde está a gaja toda nua, a provocar-nos, a dizer "vem grandão, estou á tua espera...", estava com as páginas coladas... Que nojo!!! Mas a vontade era tanta que, com algum esforço, conseguimos abrir a página cuidadosamente sem rasgar... E lá vai mais uma!
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O ridículo era que, entre nós, homens, aceitávamos e até partilhávamos a experiência da masturbação, até competíamos em grupo para ver quem é que ejaculava primeiro. Era como se partilhássemos o síndrome da testosterona. Por outro lado, as irmãs ou as amigas tentavam sempre roubar as revistinhas e em vez de se excitarem com as imagens comparavam-se às modelos porno. Desejavam um dia ser como elas, ter grandes mamas e pêlos púbicos enquanto criticavam as atitudes nojentas dos rapazes. Talvez os nossos pais aceitassem, através do fingimento, que recorrêssemos a estes conteúdos inspiradores. Era bem melhor isto que ter um filho gay. E quantos não acordaram de manhã, atrapalhados para limpar os lençóis porque os sonhos tinham sido tão picantes…
Em todas as entrevistas que dei, há sempre uma pergunta que está na lista: - “A sua família, como reagiu?”.
Bem, a minha família orgulha-se, os meus amigos orgulham-se os meus vizinhos respeitam-me a minha mãe é a primeira a informar as suas colegas do hospital, do que faço e onde atuo. Mesmo que ela não contasse, as colegas lá lhe iam dizendo: “Olhe, vi o seu filho a fazer um show de Strip. Tem cá um filho… Vai lá vai…”, “Com um corpo daqueles não saía de casa durante uma semana. Um homem assim deve fazer uma mulher sentir-se “preenchida”…”. O que vale é que a minha mãe não esconde segredos e lá me conta as confidências das amigas.
O orgulho de quem gostamos deve estar sempre presente. Quando me fazem a pergunta citada, penso: - “Será que o que eu faço é um crime que envergonha a família e os amigos?!”. Por certo não.
Meu professor de Português era um padre, o padre Manel. Duro, disciplinador, as vezes até parecia mau. Na minha aparição na TV, foi ele que informou a senhora Maria de Lurdes, orgulhosamente, lá do Instituto Pina Ferraz em Penamacor. E eu fiquei muito feliz por isso. Não me lembro de ninguém que não me tivesse apoiado, pelo contrário, toda a minha família fez questão de ver os meus espetáculos. Até as minhas sobrinhas, Ana e Raquel, com idades a rondar os 10 anos se divertiram com a minha profissão.
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A minha primeira preocupação é divertir-me com o que faço, porque gosto do que faço e porque o faço bem. Cada sorriso que vejo de uma pessoa que assiste ao meu show é um motivo de alegria para mim. Para além deste divertimento profissional, há um trabalho por trás. O Beatboys é um grupo de homens. Homens grandes, carregados de testosterona, vaidosos e que por vezes não são fáceis de gerir. Admito que também não tenho o melhor feitio. Porque sou exigente, porque gosto de me rodear pelos melhores, porque não quero que um Beatboy desvalorize o que faz, porque exijo que, quem trabalha comigo seja um Senhor.
Conheci o Marcelo. Um brasileiro que não conseguia ser amigo da dança mas tinha uma imagem muito forte. Era um rapaz bonito, vistoso, alto e parecido com um ator de uma novela brasileira da altura. Estávamos em 2003.
Cada vez que o Marcelo entrava em palco, como sua pose calma, as mulheres suspiravam. Nem estavam preocupadas com as suas qualidades como bailarino. No P2 ele brilhava e encantava com a simpatia.
Uma noite, Marisa decidira ir festejar os seus 21 anos ao clube das mulheres. Era por certo aquele clube jardim Constantino em Lisboa.
Acompanhada de duas amigas, lá foi, pronta para uma noite louca. Levava consigo um bolo de aniversário na esperança de poderem partilhá-lo com muito mais pessoas, principalmente com os gajos bons que lá dançavam. Ela, a Ana e a Sofia depressa se ambientaram, conquistaram a atenção, até porque Deus não se tinha esquecido da sua beleza e o Demónio fazia questão em acompanhá-las. Como sempre, o Tony fez a abordagem á Mr. Casanova:
Tony: - “Não sei como os teus pés aguentam o peso de tanta beleza...”.
Marisa corou mas percebeu a vulgaridade daquela entrada. Era um “coro bem batido” mas previsível. Tudo era mágico para as três gatas… Homens lindos, todos reunidos num só lugar. De repente, o Marcelo desce as escadas e o coração da Marisa acelerou injustificadamente. Foi uma paixão ao primeiro olhar, ela passou a ignorar tudo o resto, e os seus preciosos minutos passaram a ser dedicados a contemplação do bailarino. Marcelo mantinha a posição de um profissional atencioso e simpático. Para ela, ele jamais lhe iria dar atenção no meio de tantas mulheres bonitas. Aquela paixão prendia Marisa que passou a frequentar o clube todas as quartas, sextas e sábados.
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As três alimentavam as suas fantasias mas só uma é que se focava num homem só. Até que um dia, Marisa encheu o peito e foi até ao camarim. Com algum atrevimento, mete conversa connosco mas rapidamente isola o Marcelo. Sem muita conversa, beijam-se como se o mundo fosse acabar. Este foi um dos momentos mágicos e de paixão, o outro foi dois pisos abaixo quando todos lhe cantavam os parabéns e a Marisa foi brindada com um Strip em conjunto de todos os bailarinos. As três gatas acabaram por se afastar do Passerelle 2.
Marisa volta a encontrar Marcelo no Cacém, algum tempo mais tarde e o coração voltou a bater. Era um amor platónico, escondido num beijo intenso. Nunca passou desse simples gesto mas a paixão ficou para sempre.
Acabou por descobrir que as amigas com quem partilhava as suas loucuras, eram um casal de lésbicas e que até já viviam juntas.
Muitas vezes me apercebi que no meio daquele público podia encontrar muitas lésbicas. Para elas era um mundo perfeito, cheio de mulheres de todo tipo, até aquelas que, fartas e frustradas das más relações com o machos, viravam a aventura e encontravam noutras mulheres o que certos homens nunca lhes conseguiram dar. Por outro lado, elas, as lésbicas, eram as primeiras a manifestar todo o apoio aos bailarinos, sempre divertidas e sem pudores.
Por vezes há a tendência de apelidar de frustradas, as mulheres que assistem a um espetáculo de Strip masculino. Não percebo. Ao ver um grupo ou uma mulher a sorrir, a manifestar alegria, convívio, diversão por ver um show de um homem, isso tem de ser motivado por uma frustração?! E quando se vai ao cinema para ver uma história de amor ou uma comédia cujo ator é conhecido e bonito, isso é o quê?! Quando se escolhe um ator bonito para protagonizar um filme, será porque esse filme é para mulheres frustradas?! Ok, vamos simplificar. Quando se escolhe um homem charmoso para um anúncio de uma máquina de café, será para vender o produto a mulheres frustradas?!
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Penso que quem faz essas análises deve refletir um pouco sobre si mesmo. Será que não temos o direito de ter as nossas frustrações. O maior frustrado é aquele que não consegue compreender o próximo, o que não sabe respeitar o modo de vida de cada um. Esse sim, vive frustrado na angústia de conseguir exteriorizar os seus desejos, procurar as suas alegrias, tornar a vida num dia de festa, olhar para o céu e sorrir. Se não conseguem ser felizes, permitam que os outros o consigam.
Realmente há várias formas de nos divertirmos e podemo-nos divertir com várias intenções.
Seria ridículo dizer que não há mulheres divertidas com vontade de se envolverem comigo mas com coragem já é diferente. Nada nos impede de imaginar, desejar e não desfrutar. Por vezes olhei para uma determinada mulher com vontade de lhe dizer: - “Gostava que soubesses o quanto fácil eu sou.”. Não, não sou o único. Todos nós num momento qualquer pensámos isso e até o demos a entender, talvez, mas alguém não percebeu. Há sempre alguém disponível ao fim da noite, alguém que por qualquer razão se entrega ao prazer. Há sempre alguém para nos receber, para nos desejar por uns momentos. Podemos é não nos cruzar.
A vida é um conjunto de erros acertados.
E numa daquelas noites quentes algarvias, lá fomos nós atuar na “Katedral”, a discoteca mais badalada da Praia da Rocha em Portimão. Os Beatboys atuaram perto das duas da manhã. Eu e os três colegas permanecemos na disco até bem tarde, entre alguns copos e assédios constantes. As inglesas, fruto de outras educações e culturas, eram decididamente loucas por sexo ou talvez mais abertas ao sexo ocasional. Acabámos por ir para o hotel às sete da manhã.
Já embebedados pelo sono, continuámos a nossa diversão no apartamento. Eu e o Marcelo conversávamos enquanto o Tony e o José conversavam ao telemóvel com umas raparigas. Percebi que já estavam a indicar o caminho para o nosso hotel. Cansado, retirei-me para o quarto que, com alguma autoridade, decidi que era para mim. Para mim vai tudo a votos e quem ganha é a maioria… E a maioria sou eu.
Chega então um grupo de três raparigas. De imediato, identifiquei o grupo e entre elas estava uma que era minha fã incondicional, a Vera. Não demorou muito a fazerem-se as divisões. Duas foram para um quarto e outra foi para o outro. Se a matemática não me falha, havia três mulheres e quatro homens.
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O Marcelo ficou com a mais calma, tão calma que fugia dele. Inevitavelmente, a Vera quis deitar-se ao meu lado. Para o meu quarto, tentou vir de novo o Marcelo e a sua companhia mas eu expulsei-o. Estava tão cansado que só me apetecia dormir com a visitante. Mas Vera não me deixava adormecer e decidi abrir uma janela de conversação. Falámos fatalmente de sexo. Ela confessa-se inexperiente, que tinha dezoito anos e que tinha tido poucas relações com um género de namorado. Enquanto isso, algo se passava fora do meu espaço.
Levantei-me e fui investigar. Abri a porta do meu quarto que dava para a sala do apartamento. O sol já raiava e mantinha-me os olhos praticamente fechados. Atordoado pelo cansaço, caminhei até ao quarto ao lado. Na sala, o Marcelo demonstrava irritação pela repulsa da “sonsinha”, dialogando e questionando-a. Ela só se ria com o nervosismo.
Abri a porta e lá estavam os dois restantes com a terceira convidada. Ela estava deliciada enquanto eles a acariciavam. Estavam os três bem nus e bem ativos. Fui imediatamente convidado mas antes da minha resposta, ela já ia dizendo que com três não aguentava. De imediato, Tony levanta-se, puxa-a, coloca-la de gatas e possui-a num ato de exibição masculina enquanto o José se ajeita para ela lhe dar um… Carinho oral. Eu sorri e voltei para o meu quarto. Lá estava a Vera, pronta a cobrar-me o dever de um macho. Já mal conseguia manter os olhos abertos. Entre beijos e carícias, o ambiente tardava em aquecer. Estava dominado pelo cansaço. Delicadamente, Marcela entra na minha cama, frustrado pela conquista falhada mas foi expulso de novo. Não me pareceu que ela o tivesse rejeitado por não o desejar mas talvez porque queria muito aquele momento, só comigo. Até que despertara todos os sentidos e saltei para cima dela. Estávamos completamente nus, encaixados mas aquilo que se chama penetração num processo de cúpula não estava fácil de acontecer. Para além do cansaço, ainda tinha de ter a calma suficiente para ultrapassar este obstáculo.
Depois de tudo acontecer, a frase temida surgiu: - “Marko, era virgem…”.
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Voltei á sala, a mesma cena… ou quase. A “sonsinha” continuava lá mas era o Tony que estava a conversar.
Marko: - “Onde está o Marcelo?”
Tony: - “Olha, está lá dentro a divertir-se! A nossa amiga está grávida de 3 meses!”
Fiquei sem palavras. Ao mesmo tempo imaginei tudo o que andava à volta do mundo daquela mulher. Por outro lado, gravidez não é doença e da vida dela, só ela saberia. Preferi esquecer o assunto.
Voltei para o meu quarto e fui dormir.
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365 dias para voltar a sentir e a amar
As 12 dicas para ativar a sua relação. Divida-as por 365 dias. Aconselhável para relações maduras. Após um ou dois anos de relacionamento até ao resto da vossa vida.
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1- Vá fazer um passeio com a sua companheira pelas lojas do centro comercial ou pelas lojas tradicionais de rua. Faça-o da maneira mais usual e habitual. Tente que seja ela a ter a iniciativa ou o maior entusiasmo. Acompanhe-a, descontraidamente e sem exagerar nas atenções. Ao passar por uma loja de malas, fale-lhe da mala menos cativante que veja na montra, mostre que tem pouco gosto, que é, a provável realidade. Seja ridículo, fale de pormenores que provavelmente uma mulher não ligue. Espere, que ela de imediato, lhe vai indicar meia dúzia de malas que adora. Deixe-se levar pela conversa até perceber qual é aquela que realmente gosta. Neste momento já a sua companheira estará a ficar irritada pela sua insensibilidade e percebe que falar de malas consigo é uma perda de tempo. Se estiver de bom humor, ela não lhe vai demonstrar que está incomodada. É neste mesmo segundo que deve afastar-se da montra e desvie a sua atenção para qualquer outro assunto. No dia seguinte, vá á loja e compre a tal mala especial. Depois, esconda-a na cozinha, num local onde provavelmente ela vá usar, surpreendendo-se.
2- Arranje uma desculpa, peça-lhe para o acompanhar num recado qualquer em que tenha de ir á rua. Convém ser um pouco antes de jantar. Tenha atenção e verifique que a mulher sai de casa minimamente confortável e perceba se ela se sente bonita. Verifique que tem quatro atos importantes antes de sair: 1- Penteia-se; 2- Usa uma pequena maquilhagem; 3- Antes de sair ajeita a roupa da parte de cima; 4- Tem cuidado com o que calça. Caso ela despreze um destes pontos, diga-lhe que provavelmente poderão encontrar alguém importante, como tal, faça-a ter algum cuidado antes de sair de casa. Leve-a então até um restaurante. Hoje vão jantar fora. Equilibre a sua maneira de vestir com a dela para ela não se sentir inferior. Quando perceber que vai jantar fora, vai ter uma reação negativa porque não se produziu como quereria. Agora você percebe que ela já se começa a preocupar mais com a aparência perante os outros do que perante si. Não entre em desespero. É o momento certo para lhe dizer que ela é linda, que a ama e ela tem de lhe dar mais valor que aos outros. Faça-a perceber que aquele é o vosso momento, vista o que vestir, ela é a mulher da sua vida e que tem todo o orgulho em tê-la ao seu lado em qualquer lugar.
3- Tome um duche com ela, lave-a carinhosamente mas não faça amor na banheira. Transporte-a, ainda meio molhada e sinta de novo o cheiro da pele húmida. Faça amor mas com o máximo de contato corporal. Os dois corpos húmidos vão produzir um odor misturado e excitante. Aproveite bem os cinco sentidos.
4- Numa daquelas noites mais banais de sexo, escreva num pequeno papel tudo o que sente. Dobre-o bem e coloque-o no bolso do vestuário dela para o dia seguinte ou num espaço da mala onde, muito provavelmente, ela vai colocar a mão. Assim vai fazê-la sentir-se especial, mesmo nos momentos que ela pensa serem banais.
5- Há quanto tempo não faz o que fazem os casais apaixonados? Leve-a a comer um gelado ou a beber um café um pouco fora de horas. De preferência beba um copo com algum teor alcoólico. No regresso para casa, inicie um tema de conversa e vá distraidamente para um lugar íntimo, á beira do mar, ou á beira da estrada, ou mesmo á porta do cemitério. Faça amor.
6- Apalpe-a em público, provoque-a discretamente, deixe-a numa situação embaraçosa. Mas planeie tudo antes de o fazer, assim vai sentir-se muito mais excitado e vai transmitir-lhe isso de uma forma mais espontânea. Trate-a como uma qualquer, como se de um engate vulgar se tratasse, faça-a sentir desejada como se fosse um desconhecido.
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7- Comece o dia a provocá-la. Apalpe-a de manhã mas não tenha relações, embora demonstre vontade para tal. Durante a sua ausência, envie sms e provoque-a na intimidade, com detalhes que parecem proibidos e esquecidos. Provavelmente vai-lhe perguntar se anda alguém a excitá-lo ou anda entusiasmado com algo extra. Esta é a hora exata para lhe dizer que ela existe e nela encontra tudo o que procura. Neste momento, a sua companheira vai começar a dizer a uma amiga: - “Amiga, o meu homem hoje deve estar louco!”. Ela só falará com a amiga depois de ter a certeza que o verdadeiro motivo desta emoção é ela própria e isso é da sua responsabilidade demonstrá-lo. A frase dela para a companheira de conversa serve apenas de desculpa para começar a falar bem de si, a relembrar-se de loucuras, bons momentos e lá começam as conversas ordinárias das mulheres.
8- Durante a noite, comece a aconchegar-se, provoque-a durante o sono, tente que ela associe as suas carícias ao que está a sonhar e depois penetre-a lentamente até não ter mais fuga possível. Pode ser uma “rapidinha”, assim permite que ela prossiga o sono a sorrir.
9- Repita a dica nº7. Se tudo correr como espera, tome um comprimido excitante das “Sexshop” e surpreenda-a com uma noite longa de sexo. Sexo é a melhor base do amor, como tal, contrarie as vontades masculinas pós coito, vá buscar algo para beberem ou comerem, faça algo que pareça que nem tudo terminou depois do orgasmo.
10- Esta noite tem de exagerar nos preliminares. Mantenha a provocação, o carinho misturado com malícia e vá soltando umas palavras invulgares. Conte-lhe uma história picante, envolva-a nela e faça-a suspirar. Acompanhe a sua história usando os seus dedos em todos os pontos sensíveis. O seu corpo deverá estar sempre colado ao dela para que sinta a história de uma forma mais intensa e real. Quando a situação atingir o ponto máximo e não conseguir segurar mais, faça o puro sexo carnal, sem regras nem piedade. Termine com carinho e atenção. Uma relação é dar e receber.
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11- Resuma a dica nº10, 9 e 7. Nesta noite você já tem um vibrador baseado nas histórias da noite nº10. Não se esqueça que o tamanho do vibrador importa muito, não acredite nas histórias das mulheres – “O tamanho não importa.”. Neste caso importa muito. O tamanho deve ser diferente do do seu pénis e depende também de onde o vai usar. Tenha atenção á qualidade do material porque você tem duas responsabilidades: Uma é de mostrar sensibilidade pelo que propõe fazer, outra é pelo objeto que escolheu. Se usar um vibrador reles vai demonstrar falta de respeito e sensibilidade pelo corpo da sua companheira. Evite estas situações e procure sempre a opinião do vendedor, ele é um profissional habituado às questões complexas dos clientes, como tal, não tenha rodeios. Use o objeto como algo para o prazer, algo que complementa e não algo que substitua.
12- Faça simplesmente amor com paixão.
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Partilhe-as com o seu COMPANHEIRO:
1- É um dia vulgar. Trate da sua depilação, vista algo leve, novo e atraente… até provocador. Convide-o para sair. Mostre auto-confiança mas inverta as espetativas. Seja menos romântica e mais prática. Esta noite dê mais valor a si própria e seja decidida. Beba um copo na companhia do seu companheiro. Mostre que ele é importante para si através de pequenos gestos e não por palavras. Pequenas carícias, dê-lhe especial atenção quando estiverem em público e mostre-se confiante, sorrindo para com quem comunicar, faça o pedido no bar ou café e fale de assuntos que a beneficie. Volte para casa sempre confiante. Instale-se bem, vá buscar um creme corporal hidratante e massaje-lhe o corpo. Inverta assim o comportamento anterior. Use o creme como “desculpa para lhe dar todo o carinho dialogue um pouco sobre boas recordações.
2- Leve-o às compras, mostre que gosta e quer que ele se cuide. Depois faça uma saída com a roupa e os acessórios que adquiriram. Torne a noite romântica e, no primeiro passo da entrada em casa, dispa-o caoticamente e faça sexo onde calhar.
3- Nunca fale mal de outros homens. Isso revela falsidade, principalmente que é insegura e teme que o seu companheiro considere que há outras mulheres mais interessantes. Vá beber um café a um sítio habitual e fale-lhe de um homem charmoso e simpático que encontrou no outro dia. Espevite suavemente o ciúme e quando sentir que tocou na “ferida”, conte-lhe que esse homem estava com a esposa e parecia o homem mais apaixonado do universo. Você tem de fazer sentir ao seu companheiro que a sua intenção era dar valor à paixão e não ao homem charmoso. Assim ele vai rever-se nos atos e não nas aparências.
4- Deixe-lhe uma toalha de banho bem dobrada, cheirosa a detergente e lá dentro uma peça íntima sua, bem sexy. Diga-lhe que o ama, mais na ausência que na presença. O homem é como um peixe acabado de pescar. Quanto mais aperta, mais ele escapa.
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5- Há quanto tempo não partilha as alegrias do seu companheiro? Há quanto tempo não lhe dá um beijo simplesmente porque ele está feliz pelo clube de futebol preferido ter acabado de ganhar? Há quanto não partilha uma tarefa dele, daquelas que você nem acha nada interessante? Há quanto tempo não se esforça por arrancar-lhe um sorriso? Hoje á o dia que ele pensa que vai estar só, aquele momento que você tem estado desatenta, aquele momento que ele pensa que você não lhe dá valor, nem repara nele e até o costuma criticar. Surpreenda. Dê algo sem esperar nada mais que um sorriso.
6- Já pensou em partilhar os seus cuidados de beleza com o seu companheiro? Há uma linha gigante de produtos para homens, mais ortodoxos ou mais metrossexuais. Ajuste os cuidados para ele e trate-o com carinho e com o desejo de o ver cada vez melhor. É errado fazê-lo pensar que está contente com o que tem, não significando que está descontente. É natural que não aceite à primeira mas insista. O homem é de reação primitiva, impulsivo mas não tarda a ceder aos desejos femininos. A sua atitude vai aumentar a auto-estima masculina, vai perceber que procura o melhor nele e não noutros homens, demonstra que conta com ele agora e que cuida dele para contar no futuro. Um ser “abandonado” tem a tentação de procurar noutro o que não encontra ao seu lado. Com esta atitude, ele vai orgulhar-se perante os amigos, vai rir-se e vai provocar inveja. Mesmo os que o criticam ou gozam, vão chegar junto da companheira e vão-se questionar porque não têm uma companheira assim.
7- Vá jantar a um restaurante afrodisíaco.
8- Antecipe-se. Leve-o a um clube de Strip feminino e partilhe com ele a beleza feminina. Surpreenda falando dos desejos masculinos. Não tenha rodeios, a sua atitude decidida fá-la ser mais forte. Isso agrada à mente masculina. Nunca se dê como totalmente conquistada mas também não se refugie em lamentações. O macho não coabita bem com demasiadas sensibilidades e exigências sentimentais. Não exija ser amada, faça sim, algo que “obrigue” o seu companheiro a amá-la.
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9- “Cabras são as outras.”. Errado! Geralmente as cabras são aquelas que se cuidam, as que são atraentes, as que são um potencial sexual para o seu companheiro, as que são boas no sexo porque parecem atrevidas e fáceis. Não se iluda. Por vezes não passa de uma capa mas resulta. Chegou a sua vez. Você é a verdadeira cabra que ele procura. A noite é sua. Compre uma “lingerie” sexy. Se a usar na sua cama tudo cairá na vulgar rotina. Dois truques: 1- Não mostre; 2- Faça uso dela num local pouco ou nada usual. Passeie e vá puxando pela imaginação durante a viagem. Seja ordinária e proponha-lhe algo atrevido num lugar escondido. Aí ele descobrirá que há muito mais para além de tirar a roupa. Por momentos esqueça o amor e deixe-se levar.
10- Vá a uma Sexshop. Escolha dois artigos eróticos. Um vibrador e outro objeto que preencha a sua fantasia. Mesmo que já tenha um vibrador, compre outro, vai ver que não é demais. Vá bem cedo para casa. Antes que o cansaço ou sono ataquem, provoque bem nos preliminares e antes de consumar qualquer ato de penetração, use os seus objetos. Ele fica encarregue do vibrador, o outro objeto é todo seu. Se o seu companheiro for reticente, tranquilamente e sempre a acariciá-lo. Vá-lhe mostrando o quanto uma mulher gosta de se sentir completamente rodeada de prazer. Nunca se deve esquecer que os homens têm reações muito básicas no sexo e há explicar a complexidade feminina, dentro dum clima sempre excitante. Se quebrar esse momento arrisca-se a uma reação negativa do macho. O macho tem a tendência a achar que é único, insubstituível, poderoso e orgulhoso.
11- Todas as mulheres são belas. Todas as mulheres têm truques na conquista e no sexo. É genético. Não desperdice o que a natureza lhe deu. A base estável do casal e do homem, principalmente, está nas excitações que promovem a ambos. Vá sair com ele, vá provocante, mostre que tem orgulho em si e dê-lhe o que ele mais gosta. Pegue-lhe na mão e use-a para se acariciar… Em público. Faça-o sempre em seu proveito, ou seja, não o provoque diretamente, evitando tocar-lhe. Inverta. Ele toca-lhe a seu pedido, com a ousadia e ordinarice feminina. “Senhora” no sexo não existe. Deixe-o excitar-se porque você está louca e não porque o provoca diretamente. Conte-lhe que gostava de o ver realizar as próprias fantasias masculinas. Fale-lhe de outras mulheres mas sem referir ninguém que lhe seja próxima ou comum. Deixe-o navegar na imaginação, partilhe mas não se aproveite disso para fazer uma cena de ciúmes. Entenda que todas nós temos fantasias e isso não significa traição, nem vontade de trair.
Eventualmente, a maior traição é mentir e iludir o/a companheiro/a dizendo que no seu pensamento só cabe a pessoa que ama. Os homens são muito ricos nas fantasias mas muito reprimidos pelas companheiras. Tire partido disso, faça-o partilhar as fantasias e transforme tudo numa noite louca de sexo sem rodeios. Mais uma vez, os seus objetos eróticos são essenciais. Se descobrir algo de novo em comum, arrisque a ir a uma casa de “Swing”. Não tem obrigatoriamente de partilhar nada, só a fantasia.
12- Faça amor com paixão a dois.
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Confesso
Sabes que eu sou assim. Um dia vou magoar-te tanto como te amo. Não tenho emenda. Choro sempre nos meus erros mas erro sempre. Quanto mais amo mais erro. Não sei viver sem amar na corda bamba. Tenho um gosto privilegiado pelo pecado, pelo pecado carnal, tento sempre descobrir o impossível, Obrigo-te a amar, exijo ser amado até ao limite e depois… Depois perco-me por ser viciado em tanto amor. Sou o teu melhor sonho, levo-te ao extremo e depois sou uma merda.
Porquê?! Porque tu me amas, porque consegui levar-te ao extremo, porque depois já não sei o que te exigir… Isso mesmo, o problema, provavelmente, estará no depois, depois e depois. Porque sou um homem de sorte, vou ser uma ferida em ti que nunca vai cicatrizar, porque é assim a minha maneira estúpida de construir o amor. É como um Lego, perfeito, lindo, para depois destruir tudo, misturar as peças de tal forma que nunca mais consigo construir o mesmo castelo.
Diz-me!!! Porquê?! Sim, sou uma besta desajeitada e nunca vais ter força necessária para me odiares. Odeias-me para me voltares a amar para sempre. Nunca tenho a coragem de contar quantas lágrimas verteste por me quereres, quantas vezes me quiseste compreender e não conseguiste. Nunca deveria ter coragem de olhar para ti mas tu dás a volta ao mundo e tocas-me no ombro e dizes: - “Estou aqui.”. Não fiques comigo mas fica perto e mim. Perto, à distância de um estender de mão. Não caminhes ao meu lado mas caminha atrás de mim, pois quando cair, lá estarás tu para me amparar. Mania a minha de caminhar sozinho mas sempre desajeitado. Destino: Sozinho. Eu sei que não acreditas na minha teimosia e hei-de ser sempre aquele miúdo que tem a mania que aprendeu a andar e de repente olha para todo o lado e percebe que não sabe viver sozinho no mundo. Por favor, deixa-me ir mas não me abandones.
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