quinta-feira, 14 de junho de 2012

O livro II: Pedaço de um espelho partido - O beijo fatal (pag 1 e 2)

O mar brilhava à minha frente, manchado de verde e azul paradisíaco. Ao longe, já à entrada do oceano Atlântico, mesmo em frente à cidade de Cascais, os navios de carga passavam tão lentamente que dificilmente nos apercebíamos se estavam ou não, ancorados.

Era uma tarde de Junho de 2012.

Há uns dias atrás, na caixa de correio do Facebook, recebi uma estranha mensagem. Era uma daquelas mensagens que nos leva ao desprezo ou à raiva justificada.

O indivíduo, se fosse real, demonstrava ser desequilibrado e frustrado com a vida. Daqueles que passam o tempo a dizer mal da vida alheia e que tudo lhes é maléfico.

O texto era pesado demais para ser interpretado com alguma sensatez. Mas era direto:

- “Olá monte de merda ! espero que já tenhas morrido ou senão que estejas a levar no kú. Um bem haja pelos teus cornos abaixo.”

Nada melhor do que inverter as intenções pelo que respondi com a única forma decente ao meu alcance:

- “Olá. Espero que estejas bem, tu e a tua família.”

Não consegui identificar quem era a personagem desta fábula e por mais fértil que fosse a minha imaginação, não conseguia recriar a história, até porque, embora mais suave, a resposta seguinte fazia ainda menos sentido:

- “Para ti tb. Este video teu é muito fixe e deve de ter sido caro fazer isto bichona.”

Não me restava outra alternativa que descobrir e encontrar esta figura macabra…

Rapidamente obtive resposta que coincidiu com a terceira mensagem recebida:

- “Graças a ti a minha familia foi toda destruida agora e a tua vez . A não ser que me peças desculpa. Sim aquela tua atitude na passerel 2.”

Regressamos a 2005.

Trabalhava no clube Passerelle2. O clube de striptease masculino da cidade de Lisboa, para clientes femininas, onde eu fazia espetáculos de strip com outros dançarinos. Noites loucas, competitivas e fatigantes.

Lá, trabalhava um apelidado de “bailarino”, figura fisicamente estranha, corpo seco mas mal formado, pouco dado à beleza ou à sociabilização. Quando entrava em palco, executava uns movimentos parecidos com dança e ridicularizava-se quando tirava os calções. Tinha os glúteos tão “secos” e magros que, ao baixar-se, ficava com os músculos do rabo fibrados e o ânus ficava completamente exposto. Não era uma imagem muito agradável.

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