quarta-feira, 4 de abril de 2012

O livro: PEDRADA NO ESPELHO -página 124


O corpo perfeito


As viagens são desgastantes, a opção pelo “fast food” é, por vezes, a única solução.
Frequentemente, regressamos, após aproximadamente mil quilómetros, descansamos um pouco e voltamos à estrada.
Partilhar uma viagem é uma tarefa difícil. Ou há companheirismo, ou a tensão acaba por surgir.
A única solução para manter o corpo é recorrer aos medicamentos e outros produtos químicos.
Naturalmente, a alimentação e o ginásio pouco auxilia. É habitual, os bailarinos e desportistas recorrerem ao treino em ciclo anabolizado.
A manutenção do corpo não é simples nem fácil. Os treinos são árduos e desgastantes. As viagens, o nervosismo dos horários a cumprir e das entradas em palco, provocam um desgaste extra.
O recurso mais prático para a manutenção e/ou recuperação física é o dos ciclos anabólicos.
Este é o princípio do descarrilamento de muitas relações. Por vezes, a administração de doses elevadas de testosterona, provoca o desequilíbrio emocional, irritabilidade e o respetivo descontrolo e agressividade.
O cérebro mergulha num mundo profundo, onde o sexo e a “raiva” se misturam. Os sentimentos e emoções são levadas ao extremo, a figura feminina resume-se a momentos de “tesão” incontrolável ou “fúria sexual”, e a traição pode estar ao virar da esquina. A atracão por uma mulher pode resumir-se a um bom “par de mamas”, ou a um bom cu, ou até a nada.
Noutros momentos, o ciúme constrói-se do nada, da simples imaginação, da confusão das histórias que fazemos, ou que vemos os outros fazerem. Por vezes, nem estão muito longe da realidade.
Temos a noção mais clara das más ações dos outros quando nós mesmos as praticámos. Ao mesmo tempo, poderemos ser traídos pela nossa imaginação, quando pensamos que o próximo também tem coragem e capacidade de pecar.
Depois… depois vem o arrependimento, a própria incompreensão pelo erro e pelo exagero das atitudes tomadas.
E este é o efeito “bola de neve”.
O ciúme e a agressividade desmedida, leva a parceira a encontrar respostas de contra-ataque e há alvo mais fácil que a vida de um Stripper.
Começa um ciclo de ofensas, desconfianças, a construção de histórias que pareçam verídicas e lógicas, de modo a intimidar o parceiro.
O comportamento torna-se impulsivo de ambas as partes e, numa reação infantil, cada um tenta levar a sua imaginação e ofensa ao maior extremo… até ao descontrolo total.
Não existem corpos grandes, “perfeitos” e puros. Não existem santos nestas histórias.

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