quinta-feira, 23 de abril de 2009

Introdução


Há sempre um caminho a percorrer até chegar ao espelho.
O espelho, esse objecto que descreve uma imagem adulterada e subjectiva deixa-nos ver uma imagem suportável até querermos ver o que os outros não podem.

Esta é uma viagem sem retorno e o leitor poderá caminhar desde a mais bela fantasia até à mais profunda pobreza de espírito.
Um actor obriga-se a visitar os cantos alheios das almas alheias, alterando a sua visão sobre o mundo. Um bailarino trabalha a sua fantasia, usa a sua alma como instrumento produtivo.
Confesso que detesto a palavra “Strip” mas até acho graça a “Striptease”…
Um “Stripper” jamais poderá ser um homem vulgar, quando o for será sinónimo de falta de profissionalismo, fracasso.
Falando de “Stripper”, este é o homem mais bem mascarado, não só por ele próprio como pela sociedade, nele cabe o melhor da vida e o pior da alma. Explica-se que, quando o leitor imaginar que um “Stripper” escreveu este livro, talvez nem chegue a ler esta frase porque ser “Stripper” é ser rei… dos asnos.

E se eu...


E se eu... Acho que abuso desta acção. Por outro lado é a maneira de me activar, me experimentar, me fazer pensar num passo á frente.

E se no meu livro falasse de tudo? O que quereriam saber?

Na praia


Hoje fui desfrutar dos dois bens mais fabulosos do mundo, a água e o sol. Bem, o sol ainda desfrutei, agora água...Deliciado na minha posição horizontal, ordenando ao sol que trabalhasse em mim, os meus olhos fechavam-se mas mantendo a biológica atenção. Eis quando aparecem dois Seniores no varandim do passeio marítimo e em voz alta dirigem-se ao indivíduo que estava deitado á minha direita. A minha direita é validada pela minha posição de peito na areia, deixando os pés para o azul do mar... Os dois homens vívidos e marcados pelo tempo, transpareciam um estilo humilde, conservador e com uma alegria de quem ainda caminha com um amigo. Percebi que, enquanto um suportava dois garrafões de água vazios, outro falava com o indivíduo deitado na sua toalha e devidamente equipado para um banho fora de época, oferecendo-lhe um café e tentando cativar a sua atenção.

Estranha atitude para duas personagens tão simples. Não resisti em perceber o que se passava... Percebi então, que o sexagenário mais enérgico tentava pedir que o jovem enchesse os garrafões ao amigo com água do mar e que lhe retribuía com um "copo" ou café.

Numa conversa que parecia encaminhada por desentendimentos, o amigo aproxima-se convicto de ter encontrado ajuda e é quando pede, numa expressão de alívio, para o jovem repetir o que tentava dizer.

Acompanhado de gestos bem expressivos e secos, responde aos dois amigos sexagenários:

- Vá você! Porque não arregaça as calças e vai você, aqui não há criados!!!

O senhor Sénior, com ar envergonhado e desapontado, baixa o rosto e pede-lhe desculpa... De seguida dirige-se para o amigo que se tinha mostrado tão enérgico e prestável e faz o reparo:

- Eu disse-te, as coisa não são assim...

Foi então que o meu coração enfureceu e exclamei para mim próprio porque razão as coisas não eram assim!!! Chamei os amigos e disse-lhes que lhes encheria os garafões de bom grado, em voz bem alta e perceptível disse-lhes:

- Perdoem estes merdas, pensam que estão a falar com os putos da idade deles que vêm curtir para a praia!!! Perdem toda a dignidade e nem sequer sabem o que é respeito!!!

Depois de ter respondido ao pedido, vi os olhos daqueles senhores brilharem, quase se humilhavam a agradecer-me e imponham pagar o tal café que, lógicamente recusei por uma questão de princípios.

O meu favor tem de ser pago por mim próprio, pelo meu bem estar, por me sentir útil e fazer os outros felizes.