AFINAL JOSÉ NÃO MORRE. A vida parecia mudar de linha, e tudo se redescobria. A vida tinha sido sempre um palco cheio de representações onde a tragédia e a vitória se confundiam. "A morte do artista" era um desejo que morava no teto dos que o rodeavam. Um sinónimo de inveja, muitas vezes disfarçado por aproveitamentos de insucesso de um alvo determinado pela raiva. Mas José não morre nos momentos em que o mundo se escurece.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Eu, a rede social, o sexo e o show.
Mais tarde, numa invasão inocente do camarim partilhado deparo com o casal em "aquecimento". Num espaço apertado onde o cruzamento de 2 pessoas se torna incómodo, visiono um homem, de fantasia incompleta, como se estivesse no fim de um turno de um soldado da paz, descontraído mas atento, muito atento. A sua atenção reflectia-se na sua cabeça declinada, concentrada num vício delirante. Fisicamente estático e disponível. Seguindo o seu olhar, a direcção foi curta e directa a um monte de cabelos, presos pelas mãos do macho. Ela ajoelhada fazia-lhe elevar o ego a imaginação, o suficiente para permitir uma erecção. Acariciava-lhe o penis como uma serva feliz. A minha passagem mais parecia a de um fantasma habitual na casa. Tudo continuou normalmente, era o "aquecimento" para o espectáculo sexualmente explícito. Na verdade, a minha entrada foi tão rápida e tão descontraída como a saída. Portei-me como se isso já fizesse parte do meu dia-a-dia.
O sexo para mim tinha levado mais um sopro suave onde uma folha caída esvoaçava e me transportava o olhar para um horizonte de cores desconhecidas. Para mim o céu poderia ser verde naquele momento... Tanto me fazia.
Cinzento se tornou quando vi outro espectáculo onde o sexo toma um sentido marginal. O quadro era raro, estranho, picante, nojento, tentador, promiscuo...
O Travesti, que seria um Transexual, tinha todos os moldes de uma mulher perfeita, com todos os retoques cientificamente possíveis para dislumbrar os mais assanhados mas algo quebrou esta linha natural e não biológica. "ELA TEM UM PÉNIS!!!" - exclamei eu.
Que sentido fazia uma mulher com pénis ou um homem com seios de mulher?! Teria de haver... Teria de haver...
Foi então que decidi averiguar. Tinha de encontrar alguém perto desta realidade, bem mais perto que eu, por certo. Lembrei-me de um indivíduo, que por acaso era amigo, respeitador em toda a linha e era Gay, actor Gay com pouca experiência. Perguntei se havia explicação para tal já que o transexual, pelas alterações fisicas, não me parecia que aquela nuance fosse resultado de dificuldades financeiras. Porque tinha alterado tudo menos o sexo?
A explicação é demasiado básica e está tão próxima da nossa realidade diária. Grande parte destes transexuais dedica-se á prostituição e ao retirarem o sexo perdem mais de 90% dos clientes. Faz sentido, quem os procura não procura nem uma Mulher, nem um Homem, para isso encontra facilmente em qualquer sítio. Procuram sim, algo para além da imaginação vulgar, algo "doentio", fascinante, proibido, nojento o suficiente para excitar e levar ao delírio menos saudável para a mente humana.
Percebi a explicação mas não me tirou a "azia".
Muitas viagens profissionais se seguiram, Madrid, Porto, Helsinquia, Sevilha, Valência, Paris, Corunha, etc...
Todas elas decidi partilhar no meu Facebook ou Youtube e Dailymotion. O Dailymotion é mais ajustado á realidade, permitindo a exibição de imagens que no dia-a-dia são vulgares. Em Madrid, num dos espectáculos mais escaldantes de sempre, ocultei no Youtube parte do que aconteceu. (Muitas vezes fazemos passar aquilo que não é, mais raramente tentamos não passar aquilo que é. Para quê?)
Do públicou saltou uma mulher bonita, corpo trabalhado, sorriso delicioso, cabelos pretos, longos e bem cuidados. Vestia um vestido verde vivo, tecido de bom algodão, solto e fino. Decidida como uma flecha, subiu e penetrou o seu olhar em todo o meu corpo. Na primeira aproximação, as mãos delicadas, femininas percorreram todo o meu corpo como se estivesse exposto a uma revista sensual por uma agente prevertida. As coisas tornaram-se imediatamente quentes. Aproveitando esse facto, usei-o para coreografar uma dança que todos esperavam com um final arrasador. Com uma plateia de mais de 300 pessoas expectantes, não tinha fuga possível, na verdade também não a procurava.
Demorei mas percebi que a realidade era bem diferente e que o que as pessoas exigiam de mim era muito mais, algo que eu recusava dar por uma questão de princípios. Mas o que são os princípios de cada um? Serão os meus pricípios que valem ou os dos outros?
Esta questão pode ter a resposta para os meus fantasmas. Entendo que, há coisas que fazem sentido nos locais próprios, onde sabemos a quem nos dirigimos, onde sabemos que não vamos decepcionar quem nos apoia e admira, onde podemos dar a "carga" certa ás nossas coreografias e/ou exibições. Será que é fútil todo este espectáculo de dança, sensualidade, strip, fantasia? Se o é temos de encontrar resposta para a razão de tantas pessoas pelo mundo inteiro admirarem, verem, deliciarem-se, divertirem-se com este espectáculo. Ou será que só faz sentido para o futebol? A arte está nas mãos de cada um, ou tem ou não tem, cabe ao público julga-la. Eu só tenho a agradecer a tanta gente pelo mundo inteiro me apoiar, me ver ou simplesmente se divertir.
Assim decidi despir-me um pouco mais de preconceitos, uma decisão pessoal, bem pensada. Nestes momentos a primeira imagem que me vem é a das minhas filhas e até que ponto poderei continuar a ser o orgulho delas. De seguida a Mulher que ocupa o meu coração e o quanto a poderei ferir se ultrapassar os meus princípios ou os alargar. Por último a família e amigos que sempre me apoiaram de cabeça erguida.
O risco não é elevado se tudo o que fizer for no momento certo, no local apropriado, com o público certo,
O local foi perfeito, o público genial, o país perfeito (Espanha, Gijon), o momento indicado e a data também (Novembro de 2010)... Publiquei tudo no meu Facebook, o tal do Marko de Sousa. Não, não publiquei, não expus, nem deixei o rasto disto. Esta imagem está correcta ou errada? Aconteceu ou não? (Muitas vezes fazemos passar aquilo que não é, mais raramente tentamos não passar aquilo que é. Para quê?)
Esta questão pode ter a resposta para os meus fantasmas. Entendo que, há coisas que fazem sentido nos locais próprios, onde sabemos a quem nos dirigimos, onde sabemos que não vamos decepcionar quem nos apoia e admira, onde podemos dar a "carga" certa ás nossas coreografias e/ou exibições. Será que é fútil todo este espectáculo de dança, sensualidade, strip, fantasia? Se o é temos de encontrar resposta para a razão de tantas pessoas pelo mundo inteiro admirarem, verem, deliciarem-se, divertirem-se com este espectáculo. Ou será que só faz sentido para o futebol? A arte está nas mãos de cada um, ou tem ou não tem, cabe ao público julga-la. Eu só tenho a agradecer a tanta gente pelo mundo inteiro me apoiar, me ver ou simplesmente se divertir.
Assim decidi despir-me um pouco mais de preconceitos, uma decisão pessoal, bem pensada. Nestes momentos a primeira imagem que me vem é a das minhas filhas e até que ponto poderei continuar a ser o orgulho delas. De seguida a Mulher que ocupa o meu coração e o quanto a poderei ferir se ultrapassar os meus princípios ou os alargar. Por último a família e amigos que sempre me apoiaram de cabeça erguida.
O risco não é elevado se tudo o que fizer for no momento certo, no local apropriado, com o público certo,
O local foi perfeito, o público genial, o país perfeito (Espanha, Gijon), o momento indicado e a data também (Novembro de 2010)... Publiquei tudo no meu Facebook, o tal do Marko de Sousa. Não, não publiquei, não expus, nem deixei o rasto disto. Esta imagem está correcta ou errada? Aconteceu ou não? (Muitas vezes fazemos passar aquilo que não é, mais raramente tentamos não passar aquilo que é. Para quê?)
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